
Há mais 11 hectares de verde para serem usufruídos pelos lisboetas, em plena cidade. Mas, por enquanto, ainda são poucos os que conhecem este novo parque urbano
Diana Tinoco
Pedimos desculpa, mas fazemos questão de começar este texto em modo Google Maps – para que os leitores deem com o novo parque da cidade, sem as irritações inerentes a um caminho menos bem explicado. Neste sentido, esclarecemos que os 11 hectares ligam a Avenida Gago Coutinho à Marechal António de Spínola e são delimitados pelo Parque da Bela Vista e a Linha de Cintura Interna, junto ao Areeiro.
Agora que já estamos situados, podemos acrescentar que o parque foi escavado numa antiga zona de hortas, em tempos ocupada por construções ilegais, e parte de zonas verdes já existentes. Por isso, é melhor não ir à espera de encontrar uma área toda arranjadinha, a cheirar a novo. A maioria do verde que se avista é selvagem, digamos assim, pontilhado, aqui e acolá, com árvores recém-plantadas. Percebemos que a intervenção da Câmara de Lisboa, que anda por aqui a trabalhar desde 2015, prendeu–se essencialmente com arruamentos, circuitos pedonais, ciclovias e equipamentos de recreio. Por exemplo, junto à Gago Coutinho, há um novo parque infantil, com divertimentos pensados para serem originais, e um quiosque em que há de apetecer estar, com um olho no café e outro nos mais novos que mesmo ao lado se aventurem.
Mais para cima, há declives para vencer, caminhos que se bifurcam só para nos baralhar – ou será que aparecem aqui para nos levar a explorar (cuidado com a lama) todos os recantos deste novo parque? Pelo menos é assim que descobrimos a nova casa de acolhimento para refugiados, a ser construída com o apoio da marca de relógios Swatch. Mais à frente, damos de caras com um ginásio ao ar livre e uma zona de churrasco, mas depressa percebemos que já existem há alguns anos. Nada disso importa, quando há borboletas que passam por nós, a lembrar que a primavera já chegou. Também vemos passarada, sobretudo melros bonitos, de penugem preta e de bico amarelo. Estes seres que esvoaçam em nada parecem importar-se com o facto de a linha do comboio estar pertinho e provocar, em alguns troços do parque, algum ruído à passagem das composições.
Mesmo ao pé de outra entrada, está o circuito de crossfit, com halteres, de cinco e dez quilos, e com cordas pesadas para testar a flexibilidade das costas e dos ombros – tudo a estrear, perfeito para manter a forma. No entanto, não há ninguém a usar os equipamentos nesta manhã fresca. Imagina-se que o cenário mude ao fim de semana e à medida que o parque entre na rotina dos lisboetas. Por enquanto, agradece-se o sossego.
Parque Urbano Vale da Montanha > Av. Gago Coutinho e Av. Marechal António de Spínola > Lisboa

Diana Tinoco