
Na rádio online Quântica, estreou-se no final de setembro a versão programa de rádio do Bregas. Um talk-show mensal de duas horas, onde João Pedro Vale e Nuno Alexandre Ferreira estão em direto à conversa, com música e alguns convidado pelo meio
1. Bregas, Lisboa
O lugar não foi escolhido, mas deu-se o caso de João Pedro Vale e Nuno Alexandre Ferreira estarem a fazer os cenários e figurinos do Quebra Nozes Quebra Nozes pela Companhia Nacional de Bailado e o atelier das Olaias (que continuam a manter) ser pequeno para tanto pano. E assim a dupla de artistas acabou por aceitar a proposta para ocupar um rés do chão com cave de um prédio em Xabregas que, pela sua localização, mas também pelo seu ar decadente e sem grande história para contar, chamaram Bregas. Por ali têm passado outros artistas, convidados a ocupar um sítio que não veem como um lugar recatado e só seu. “Tem a ver com a nossa maneira de ser e com o nosso trabalho, muito feito da colaboração com pessoas de outras áreas”, diz João Pedro Vale. “Funciona quase, ou mesmo, como desculpa para fazer coisas, que vão simplesmente acontecendo e onde nunca é nada muito programado”, acrescenta. Foi nesta lógica que surgiram os Grandiosos Fins de Semana, dois dias de portas abertas, a mostrar o resultado dessas residências artísticas, chamem-se assim, a que juntam outras propostas nas áreas da dança, música, cinema e ainda workshops. Em outubro, Horácio Frutuoso vai estar em residência no Bregas e em novembro chega, de Bruxelas, a bailarina Rita Morais, para ensaiar Longo Curso. Depois, em dezembro, João Pedro Vale e Nuno Alexandre Ferreira começam a preparar Palhaço Rico Fode Palhaço Pobre, com texto, encenação e cenários seus, que há de estrear em março, no Parque Mayer, em Lisboa, numa tenda de circo, seguindo depois para o Porto. No calendário até final do ano não consta outro Grandioso Fim de Semana. Mas no Bregas, já se sabe, tudo vai acontecendo. “Pode sempre haver uma coisa pelo meio e que achemos graça”, diz Nuno Alexandre Ferreira. Calçada Dom Gastão, 5A, Xabregas, Lisboa > www.facebook.com/bregastudio

A 29 de outubro, inauguram-se os Bailes do Engate no Teatro Ibérico. Uma espécie de chá dançante dos tempos modernos, com música ao vivo e performances de cabaret, strip- tease e cuspidores de fogo
2. Teatro Ibérico / Companhia João Garcia Miguel Lisboa
Dia de ensaio corrido no Teatro Ibérico. Falas na ponta da língua dos atores Sara Ribeiro e Frederico Barata, bateria e violoncelo afinados, eis como ganha vida Nós Matámos o Cão Tinhoso, texto biográfico do moçambicano Luís Bernardo Honwana, a contar a história de uns miúdos que se juntam para um ato cruel. Depois da estreia no dia 7 de outubro, no Centro Cultural de Vila Flor, em Guimarães, a peça sobe ao palco, de 12 a 15, do teatro que agora é casa da Companhia João Garcia Miguel. Circular, criar públicos, como um circo, assim tem sido a história desta companhia que, desde a fundação, em 2002, já teve várias moradas. E assim continuará a ser, diz o diretor, “porque assim faz sentido”. À nova casa, que se pretende “dinâmica e alternativa”, pede-se ao público que venha e volte, que a porta está aberta a todos. O convite para o Teatro Ibérico surgiu porque o anterior diretor morreu, conta João Garcia Miguel, assumindo agora a companhia residente toda a programação que, além de estreias e reposições, passa também pela música, dança, cinema e formação para a comunidade (aulas de dança, Histórias do Teatro, ateliers de expressão plástica). O mês de outubro traz o multi-instrumentista Yew Tembe (14 out), o ator Renato Ferracini com a performance Lume (22 out) e, logo a seguir, Cachupa Psicadélica, a tocar ao vivo o disco de estreia Último Cabo-verdiano Triste (28 out). Antes, destaque para a reposição da peça Yerma, a partir do poema homónimo de Federico García Lorca, com o ator Miguel Borges. R. de Xabregas, 54, Lisboa > T. 21 868 2531

A galeria do Manifesto acolhe, a partir de 9 de novembro, uma exposição sobre os 15 anos da National Geographic em Portugal
3. Manifesto, Matosinhos
Sem ser panfletário, até porque lutam contra este tempo de discursos inflamados e irrefletidos, o Manifesto anuncia-se como um embaixador da narrativa lenta. “Queríamos ir contra a corrente do digital, ter um patamar físico onde pudéssemos partilhar publicações que normalmente não estão disponíveis”, conta Tiago Costa, um dos membros da equipa da agência de viagens Nomad, promotora e mecenas do Manifesto. “A agência foi criada há dez anos, com base em valores como a curiosidade e a vontade de adquirir conhecimentos através das viagens e, paralelamente, foi fazendo iniciativas fiéis a esses princípios.” Criaram agora uma associação cultural sem fins lucrativos para gerir este sítio no Mercado de Matosinhos, de janelas viradas para o porto de Leixões. Aqui têm um quiosque especializado em publicações independentes (uma seleção de 250, divididas por quatro áreas: quotidiano, arte e criatividade, fotografia e reportagem, viagem) e também com edições próprias, uma galeria de fotografia documental e um drip coffee stand (preparado pela Wanderlust Coffee Lab), onde o café de filtro também obedece a um processo lento. Lá estará uma longa mesa comum, com bancos altos, a convidar à digestão das leituras com muita calma. Mercado Municipal de Matosinhos > R. França Júnior, 1, Matosinhos > T. 22 324 2142 > ter-sex 10h-13h, 14h-19h, sáb 10h-13h, 14h-20h

O Apartamento é loja de revistas, residência artística e ainda acolhe jantares, concertos e sessões de cinema
4. O Apartamento, Lisboa
Chega-se e toca-se à campainha porque este é mesmo um apartamento, ao cimo de um quinto andar, num prédio no centro de Lisboa – cinco assoalhas, janelas generosas, cozinha, uma varanda que é mais um jardim de inverno e outra que se abre à vida de bairro. Casa perfeita para dar corpo a uma ideia que Armando Ribeiro, fundador da agência de comunicação Plataforma, já andava a matutar – um lugar para dar a conhecer as revistas estrangeiras que coleciona compulsivamente, trazendo a Lisboa quem as faz e mostrar a cidade aos que vêm de fora.
A abertura aconteceu em maio do ano passado, mantendo a ideia inicial. Deste então, a cada três meses, o Apartamento tem sido, morada e loja temporária de várias publicações – por lá já passaram, por exemplo, a catalã Openhouse Magazine, a berlinense Freunde von Freunden, a londrina Riposte, a dinamarquesa OAK e os guias turísticos Lost In. Só que esta é equipa criativa e irrequieta – com Armando trabalham as ex-jornalistas Inês Matos Andrade e Paula Cosme Pinto, a adepta de tudo o que é saudável Ana Krausz e, mais recentemente, Vasco Águas, rapaz de dotes na arte do macramé (é dele a marca Barbudo Aborrecido). E a agenda cresceu: no Apartamento fazem-se jantares (já houve até um barbacue) com chefes conhecidos, organizam-se workshops, convidam-se músicos para pequenos concertos (ciclo inaugurado pelo brasileiro Cícero), fazem-se sessões de cinema e até há um quarto para residências de artistas. Entre 7 e 14 de outubro ali vão ficar os Papier Atelier, a dupla turca Türker Akman e Deniz Yılmaz Akman que se dedica a criar esculturas em papel, organizando-se pelo meio um encontro com o público (11 out) e dois workshops (8 out, níveis básico e intermédio). A 22 de outubro repete-se a oportunidade de aprender tecelagem com a Oficina 166, de Diana Meneses Cunha, e entre papéis e lãs, há de encaixar-se a vinda da revista Brownbook, uma espécie de guia da cultura urbana do Médio Oriente e norte de África. Av. Duque de Loulé, 1 – 5º Dto., Lisboa > T. 21 602 9812 > www.oapartamento.com/pt

Uma vez por mês, na Sexta de Contos do Pára, de Teresa Cunha e Clara Haddad, adultos serão convidados a resgatar a magia dos serões passados a ouvir contar histórias
5. PÁra – Espaço Literário e Cultural, Porto
A ligação começou em 2006, quando Teresa Cunha começou a receber na sua Salta Folhinhas, livraria especializada em literatura infanto-juvenil, a contadora de histórias Clara Haddad. A relação profissional e de amizade cimentou-se e quiseram reforçá–la com um novo projeto, o Pára – Espaço Literário e Cultural. “Lê, escuta, conta” é o seu mote, promovendo a literatura, dando a conhecer autores e ilustradores, fomentando o prazer da leitura e de ouvir uma história. Será inaugurado, no próximo dia 8, no mesmo local onde existia a Salta Folhinhas, que se manterá por ali, agora acompanhada pela Escola de Narração Itinerante e pela Fábrica de Histórias. A primeira, para quem queira aperfeiçoar ou aprender a arte da narração oral, ou melhorar as suas apresentações em público. “Ajudamos as pessoas a encontrarem a sua voz de narrador, que é única, não é como receita de bolo”, diz Clara Haddad. Já a segunda quer agregar as várias vertentes da arte de contar histórias e unir as pessoas à volta das palavras através de inúmeras iniciativas, desde sessões de contos a encontros de narradores. O Pára terá propostas para todas as faixas etárias, porque o encantamento provocado uma boa história permanece para sempre. R. de António Patrício, 50, Porto > T. 22 609 2214 > ter-sáb 10h-19h30, dom 14h-19h

A 8 e a 29 de outubro, às 21 e 30, exibe-se o documentário The Venice Syndrome, retrato da cidade italiana que vive sob enorme pressão turística, bem a propósito dos tempos que se vivem em Lisboa
6. Polo Cultural Gaivotas, Lisboa
Abriu como centro de trabalho, com escritórios e salas de ensaio para projetos nas áreas do teatro, dança e música, mas nos planos da Direção de Cultura da Câmara Municipal de Lisboa, que gere este Polo Cultural, entre o Cais do Sodré e Santos, esteve sempre a ideia de uma programação a ser desenvolvida em dois eixos. Através do contributo dos residentes do edifício (cafetaria incluída), mas também abrindo portas às estruturas culturais da zona. Assim surgiu o Festival Lusco Fusco, a deixar o pátio com esplanada bem composto de público durante o verão, para assistir aos dj sets, concertos, performances e sessões de cinema (estas, propostas pela associação Irmãos Lumière, que ocupa, com o Teatro Praga, a porta mesmo ao lado). De “fora” chegou o contacto da Plano Lisboa, que organiza o Critical Cities, programa que se propõe refletir a evolução da cidade através da arquitetura e das artes plásticas, convocando questões como o turismo ou a habitação. A segunda edição – a decorrer até final de outubro e que inclui exposições e intervenções de artistas nas ruas – passa também pelas Gaivotas, para onde estão marcadas as conversas abertas (5, 12, 19 e 26 out, qua 19h) e o lançamento da revista Critical Cities (13 out), que documenta todo o trabalho feito no terreno. R. das Gaivotas, 8, Lisboa > T. 21 817 2600

Agendados no Lisboa ao Vivo estão os concertos dos suecos Katatonia (14 out) e da banda americana Kamelot (23 out), que vem apresentar o novo Haven