
A fachada teatral do Palácio do Raio
Rui Duarte Silva
Em Braga, será difícil nomear a obra mais significativa do arquiteto André Soares, tal a quantidade de testemunhos dispersos pela cidade. O Palácio do Raio, construído entre 1752 e 1754, é um dos que merecem presença destacada nos guias turísticos. Desde logo, pela fachada teatral, em estilo rococó, a que Miguel José Raio (o segundo proprietário, benemérito ao qual o palácio ficou para sempre associado) acrescentou, anos mais tarde, os azulejos azuis. O interior passaria mais despercebido, pela utilização que teve, já que albergou alguns dos serviços do Hospital de São Marcos até 2011. “Quando nos foi entregue estava altamente degradado”, conta Bernardo Reis, provedor da Santa Casa de Misericórdia de Braga, proprietária do edifício desde 1884.

A primeira sala da exposição permanente convida à descoberta do legado dos arquitetos André Soares e Carlos Amarante
Rui Duarte Silva
É com orgulho que Bernardo Reis mostra, nas fotografias expostas numa sala, o antes e o depois das obras de requalificação e conservação, que permitiram devolver ao palácio o brilho de outrora e ali instalar o Centro Interpretativo das Memórias da Misericórdia de Braga. Durante o primeiro dia da abertura ao público, a 29 de dezembro, os elogios foram fartos. Ao longo das dez salas da exposição permanente, muito há para contar sobre a história e a missão desta instituição quinhentista. O centro começa por lançar o convite à descoberta do legado artístico de André Soares e Carlos Amarante (outro dos arquitetos com obra relevante em Braga), através de mapas topográficos da cidade e monitores informativos com ecrãs táteis. Noutras salas reúnem-se objetos e documentação outrora pertencentes ao hospital, apresenta-se uma seleção de peças de paramentaria, alfaias litúrgicas, arte sacra (pintura e escultura), valoriza-se o património material e imaterial relacionado com as procissões religiosas, homenageiam-se beneméritos e antigos provedores. Para além da riqueza dos conteúdos museológicos e da forma como estão dispostos, surpreende o minucioso trabalho de reconstituição dos frescos, dos azulejos, das escaiolas e da restante decoração do palácio. “A Misericórdia de Braga, pela forma como tem recuperado grande parte do seu património, é um exemplo para a cidade”, diz ainda Bernardo Reis.
Centro Interpretativo das Memórias da Misericórdia de Braga> Palácio do Raio > R. do Raio, Braga > T. 253 206 520 > ter-sáb 10h-13h, 14h30-18h30 > grátis

Retratos dos antigos provedores da Santa Casa da Misericórdia de Braga
Rui Duarte Silva