É um dos mais solicitados músicos e produtores nacionais, cujo currículo pode ser avaliado pela diversidade de artistas com quem já colaborou – Rui Veloso, Xutos e Pontapés, Rão Kyao, Banda do Casaco, Doce, Carlos Paião, Dulce Pontes, Marco Paulo ou António Pinto Basto –, além dos inúmeros trabalhos nas áreas do cinema e da televisão (da Disney aos Gato Fedorento ou Herman José) que também assinou. Mas Ramón Galarza é, igualmente, um artista com uma sólida carreira em nome próprio, iniciada apenas em 2009, com o “cinemático e ambiental” Herr G 51.11, em que tem sempre optado por explorar caminhos menos óbvios.
Tal acontece outra vez neste segundo trabalho da sua Ramón Galarza’s Band – coletivo de luxo composto pelos músicos Bernardo Fesch (baixo e coros), António Mão de Ferro (guitarra e voz), Diogo Santos (piano, sintetizadores e acordeão), Moisés Fernandes (trompete, flügel e coros) e a japonesa Ryoko Imai (marimbas e percussão) –, que, depois do registo de estreia (Galarza) editado há três anos, acompanha de novo Ramón Galarza (que tem a seu cargo não só a composição dos temas como a bateria, percussão, programações e coros).
O resultado é uma viagem sonora com muito groove e passagem por exóticos destinos musicais. Aos omnipresentes jazz e funk, juntam-se agora diversas referências da denominada world music, como se constata logo no início, com Arabian Zappa, e em temas como Bagdad Nights ou Buenos Aires. A tudo isto acrescenta-se, ainda, um suave ambiente pop a servir de fio condutor às 14 faixas do álbum, na melhor tradição do acid jazz e do jazz de fusão de outros tempos, o que dá a este Qu’est-ce Qui Se Passe? um charmoso toque vintage – e, também por isso, intemporal.
Filho do pianista e maestro Shegundo Galarza (1924-2003), Ramón Galarza, 64 anos, tem-se dedicado cada vez mais à própria música, depois de anos como produtor muito requisitado. Qu’est-ce Qui Se Passe? é o segundo disco da Ramón Galarza’s Band