É algo difícil de explicar, o que levará uma banda a escolher um nome tão difícil de escrever, dizer ou memorizar como Khruangbin. Ou talvez não: a música é, assim, o mais importante e segue livremente o seu caminho, como tem acontecido no caso deste trio texano, com músicos avessos a rótulos e convenções.
O nome foi escolhido pela baixista Laura Lee, que quando, em 2009, se juntou ao guitarrista Mark Speer e ao baterista Donald Ray ‘DJ’ Johnson Jr., tinha aprendido a tocar há apenas alguns meses. Estava também, na altura, a estudar Tailandês e sugeriu a sua palavra preferida nessa língua, que significa qualquer coisa como “máquina voadora”, para a banda se apresentar nos seus primeiros concertos. A denominação fez ainda mais sentido na altura do lançamento do primeiro disco do grupo, The Universe Smiles upon You, de 2015, inspirado, segundo os próprios, pelo rock psicadélico feito no Sudoeste Asiático na década de 60, que os levou a serem convidados para as primeiras partes de concertos de Father John Misty ou Massive Attack e lhes abriu as portas do circuito dos grandes festivais.
A lista de influências inclui, ainda, dub e afrobeat ou sonoridades do Médio Oriente e da América Latina, mas o resultado final nada tem que ver com o velho cliché da world music, mas sim com algo novo e original: uma espécie de música eletrónica ambiental e contemplativa, feita com instrumentos reais, num processo sonoro que por vezes mais se assemelha ao jazz do que à pop ou ao rock.
A fórmula instrumental foi repetida no segundo registo, Con Todo El Mundo, de 2018, mas o EP Texas Sun, feito a meias com Leon Bridges no início deste ano, demonstrou claramente que a música dos Khruangbin só tinha a ganhar se lhe fosse acrescentada voz. É esse passo em frente que é dado em Mordechai, um álbum novamente construído a partir de tantos e diferentes ambientes musicais, quase em registo de jam session, mas unificado de forma exemplar pelas suaves vocalizações de Laura Lee.
Com temas tão frescos e luminosos como Time (You And I) ou So We Won’t Forget, este Mordechai tem tudo para ser uma banda sonora perfeita para o verão mais estranho das nossas vidas