Quando, há pouco mais de três anos, lançou Post Pop Depression, um álbum feito a meias com Josh Homme, dos Queens of the Stone Age, Iggy Pop deu a entender que se tratava de uma espécie de grande despedida do circo do rock’n’roll, onde durante décadas foi uma das principais atrações. Foi, aliás, na ressaca da “exaustão pós-digressão” de Post Pop Depression, como o próprio entretanto explicou, que o novo disco, este Free, começou lentamente a surgir. Citado pelo site Pitchfork, o músico dizia-se “esgotado”, com vontade de “virar as costas e ir embora”. Em conclusão: ser livre. É a isso mesmo que Free soa, a liberdade. E nessa matéria, Iggy Pop não tem nada a provar.
A declaração de interesses é anunciada logo na primeira faixa, que dá nome ao disco. É um instrumental etéreo, com pouco mais de um minuto e meio, pontuado pelo som do trompete do músico de jazz norte-americano Leron Thomas, no qual Iggy Pop apenas diz duas vezes a frase “eu quero ser livre”. O tema seguinte, Loves Missing, é talvez o que mais se assemelha ao habitual estilo de Iggy Pop, uma canção de amor (ou sobre a falta dele) em crescendo, com tudo para ser memorável em palco. A partir daí, há uma sucessão de temas mais próximos do jazz e da spoken word, em que a voz de Iggy Pop divide o protagonismo com o trompete de Leron Thomas e a guitarra de Noveller, convidada especial em destaque no disco. Com pouco mais de meia hora, Free é uma prova da vitalidade artística de Iggy Pop, que aos 72 anos continua a ser quem sempre foi, alguém que faz o que lhe apetece, sem concessões, como se percebe em temas como Page, We Are the People ou no single James Bond, em que coloca uma mulher no papel do agente secreto 007.