A mulher de cabelo vermelho, pintada por Dante Gabriel Rossetti, tem importância arquetípica neste décimo romance de Pamuk. Porém, aqui, há outra ruiva que escolheu um destino sacrifical semelhante ao das musas do simbolista. Ela é a segunda narradora de A Mulher de Cabelo Ruivo (Editoral Presença), livro que desvenda uma narrativa inspirada no mito de Édipo.
Nas primeiras páginas, a voz é a de Cem, miúdo de 16 anos, cujo pai, dono da farmácia Hayat (Vida), prefere os sonhos políticos às responsabilidades familiares.
Nas férias escolares, o rapaz aprende com o rude Mahmut, figura paternal, a escavar um poço de água. O amor também o ronda, num formato inesperado. Um drama acontece, mudando o rumo do futuro, e será a voz da mulher de cabelo ruivo que ata as elegantes pontas soltas desta história.