O título de um disco histórico da pop rock mais experimental alguma vez feita em Portugal serviria na perfeição para dar nome ao género praticado por estes estreantes. Falamos de Free Pop, o álbum dos Pop Dell’Arte, de João Peste, lançado em 1985. A família musical não é a mesma – há um oceano de referências e de contextos a separar os dois grupos… –, mas perante a fragmentação e a liberdade praticadas em cada canção dos Superorganism, no seu homónimo disco de estreia, pensamos facilmente nessa etiqueta: free pop, adaptação livre do free jazz para a gramática da pop.
A dita fragmentação explica-se bem pela própria natureza do grupo e, afinal, pela sua (nossa) era. Os Superorganism são formados por oito músicos/artistas de origens tão diversas como a Coreia do Sul, a Austrália, a Nova Zelândia, o Japão e a Inglaterra. Atualmente, estão sediados em Londres, mas falam do seu método de trabalho valorizando, e muito, as possibilidades da internet, as viagens imediatas de ficheiros musicais e o Skype sempre à mão. Nenhuma das dez canções segue o seu caminho serenamente, sem interrupções ou intrusões, sejam mudanças abruptas de ritmo, silêncios ou variados sons (gargalhadas, travagens, despertadores…) introduzidos de forma mais ou menos subtil. Há uma estrutura pop familiar, mas interrompida e questionada a cada momento.
A expressão “pós-modernos” parece ter ficado, ironicamente, obsoleta antes de ter-se, verdadeiramente, cumprido. No mundo da pop, o trabalho dos Superorganism parece contribuir para lhe dar forma.
A voz da jovem japonesa Orono Noguchi dá coerência ao irrequieto disco de estreia dos Superorganism. A escolha do single Something For Your M.I.N.D. para a banda sonora do popular videojogo FIFA18 ajudou a dar-lhes projeção, antes ainda de terem um álbum disponível