O título do livro é sugestivo: O Nome do Biscoito é Paupério. Para que não restem dúvidas. Já lá vão 142 anos e Paupério tem andado, literalmente, na boca de muitas gerações. Desde o tempo em que éramos governados por reis e as decisões políticas eram tomadas nos castelos. A Tosta Rainha, por exemplo, foi criada em 1886 a pedido da rainha D. Amélia, que queria uma tosta doce para presentear o príncipe D. Carlos. Tempos faustosos esses que podem agora ser recordados através de histórias e de acervo documental incluídos neste livro (264 páginas) da autoria do historiador Paulo Caetano Moreira e da jornalista Dora Mota, com fotografias de Ricardo Meireles.
O livro conta a história desta empresa familiar, que vai na sexta geração, e que nasceu para aproveitar as farinhas moídas pela força da água que corria na serra de Valongo, chegando a empregar 110 pessoas (nos tempos áureos de 1960). Eduardo Ferreira de Sousa, bisneto do fundador, Joaquim Carlos Figueira, conta que o livro tem episódios como o que, depois da Implantação da República, “obrigou” os pasteleiros a mudar o nome do bolo-rei para bolo presidente. Uma alteração que, contudo, não foi avante. “Descobriu-se, afinal, que republicanos ou monárquicos gostavam era do bolo-rei”, conta. Atualmente, a gestão da Fábrica de Biscoitos Paupério está entregue às tetranetas do fundador, Ana e Sara Sousa, empregando 29 pessoas. E de lá, de modo quase artesanal e com as receitas de antigamente, saem os fidalguinhos, a princesa negra, os biscoitos de milho, as waffers de baunilha, os torcidos, num total de 40 variedades de bolachas e biscoitos. Além do pão de ló e do bolo-rei. A empresa, conhecida pelas caixas de sortidos, exporta para a Suíça, França, Espanha, Inglaterra, Japão e EUA. E, em breve, deverá lançar uma bolacha sem glúten, respondendo aos novos apelos do mercado.