Mesmo numa tarde pouco convidativa a caminhadas – o dia está frio e chuvoso –, é impossível passar na Rua Ferreira Cardoso, no Porto, na zona do Bonfim, sem dar pela longa fachada de pequenos azulejos verdes, grandes janelas e singelas pinturas. São seis casas burguesas, típicas dos anos 30, de aparência similar mas interior único. Ali esconde-se um refúgio, uma alternativa para dormir fora de casa como em casa. Dele já deu conta o jornal The Guardian e a revista Monocle. Mas afinal o que esconde o número 72? Uma guesthouse com campainha e sem código de entrada, onde Juan Mayoralgo, um arquiteto de interiores que se apaixonou pelo Porto, as pessoas e as suas histórias, recebe as visitas. Mais tarde, já sentado à mesa de jantar, em que há revistas e livros, algumas flores e plantas, dirá que “não foi fácil”, mas, quando aqui entrou, não teve dúvidas. “Tinha uma ideia clara sobre a casa, e o bairro é perfeito”, reforça num português fluente, com ligeiro sotaque. É uma construção de três pisos, do século passado, com jardim, tetos altos, claraboia, escadaria em madeira e inundada de luz natural. “Tentei conservar tudo o que era possível”, diz. O soalho é todo original, tal como o azulejo, o mosaico e os móveis da cozinha.
A casa tem apenas três suítes grandes, onde cabem, além da cama XL, uma secretária, o sofá onde Juan brincou em criança, poltronas e até uma banheira de pé dos anos 20. É nos pormenores de muitas peças espalhadas por toda a casa, sem incomodar, que está grande parte da elegância e do bom gosto do arquiteto. Há flores e plantas a receber as visitas na entrada, na cozinha, na sala e nos quartos. Encontramo-las a cada passo, como se ajudassem a compor um quadro e tornassem o espaço ainda mais familiar. E, depois, há o armário dos bisavós de Juan, as fotografias e os quadros, os menus dos avós, dos anos 60, e uma biblioteca com livros, guias da cidade e discos. A casa pode ser ocupada na totalidade ou por suíte. “É um projeto muito pessoal, sinto-me em casa”, diz Juan, que além de servir o pequeno-almoço, diferente todos os dias, senta-se à mesa a conversar com os hóspedes. “É uma outra forma de viajar”, remata.
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