Dalila Gomes, 37 anos, sempre gostou de “objetos pequenos, perfeitos e preciosos”. Desde a infância que a arquiteta e designer mostrou o gosto pelas joias, que desenhava e vendia a clientes “imaginários”. “Continuo a gostar desse lado do atendimento direto, de responder a um pedido único”, conta-nos no ateliê que abriu, há um mês, no Bairro da Bouça, no Porto.
A aptidão pela geometria e pelo rigor conduziu-a ao curso de arquitetura, na Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto. Concluído o estágio, a partir de 2005, é com o arquiteto Siza Vieira que trabalha em diversos projetos. “Foi uma experiência marcante, ganhei ferramentas de pensamento e de construção de ideias”, confidencia. Mas sentia falta de desenhar e construir com as mãos. Até chegar à escola de joalharia Contacto Directo, situada na Avenida de França, no Porto, e o sonho de menina se tornar uma realidade. “Dá um gosto tão grande, é tão relaxante fazer algo com as próprias mãos, que me sinto completa”, conta, sem esconder o entusiasmo.
De amigos, arquitetos e designers, vieram as primeiras encomendas, a que se seguiu a página no Facebook em 2012, e, um ano depois, a marca em nome próprio. Como era urgente ter um sítio para receber clientes, procurou um rés-do-chão sem montra. Acabaria por encontrar no Bairro da Bouça, projeto de Siza Vieira, o sítio ideal para ter o seu ateliê – para onde levou as máquinas e ferramentas que tinha espalhadas pela casa – e showroom. Pedro Carvalho, o marido, também ele arquiteto, desenhou o ateliê com ela, onde se observa a mesma linha contemporânea das joias.
A arquitetura ficou para trás, embora Dalila Gomes admita que “a presença desta é inevitável”, na filosofia, no traço e na forma. Uma vez por ano, às vezes mais, apresenta novas joias, em ouro ou prata, os materiais com que trabalha habitualmente. Endless, Nilo e Double são coleções que resultam de uma ideia forte, “como o movimento, o infinito, a ilusão de ótica, o cheio e o vazio”. O desenho minimalista e depurado, com um toque clássico, acompanha as criações. São joias geométricas, feitas à mão, que “exigem rigor na execução e no trabalho”, explica a designer.
Em Twice, a última coleção, Dalila Gomes fez brincos, anel e colar a partir de um círculo, criando numa peça única um jogo de contrastes e de brilhos, entre formas concavas e convexas. Além do showroom no Bairro da Bouça, as suas joias podem ser encontradas na loja de Serralves, no Porto, e na Ícone Shop, no Chiado, em Lisboa.
Nesta galeria de fotos, veja algumas das criações de joias de Dalila Gomes
Dalila Gomes > R. da Boavista, 334, Porto > T. 937 078 890 > seg-sáb 10h-18h (com marcação prévia)