Quem passeia pelo “corredor” que liga a Ribeira do Porto à Rua das Flores, dará de caras com dois grandes cabeçudos que parecem espreitar à janela da Lobo Taste, a loja de Paulo Lobo e da mulher, Paula, no Palácio das Artes. Estes cabeçudos e gigantones, típicos de Viana do Castelo, não estão à venda, mas, lá dentro, não faltam outros, de formatos mais pequenos e de várias cores, feitos por João Ferreira, artesão que há muito trabalha o figurado de Barcelos e colabora com a Lobo Taste.
Neste verão, é a multiplicidade de cores de malas e mantas (em amarelo, laranja, azul coral ou púrpura, feitas em lã e algodão) que mais saltam à vista. Foram feitas, explica-nos Paula Lobo, por mulheres do Estabelecimento Prisional de Santa Cruz do Bispo, em Matosinhos, com quem a Lobo Taste trabalha há um ano. “Só lhes levei as lãs e transmiti o que queria, o resto saiu da sabedoria das mãos delas”, conta, enquanto nos mostra o macramê feito nas alças das carteiras (a partir €60), as aplicações para os chapéus e as mantas de algodão coloridas (a partir €100).
No interior da loja estão, pois, pedaços de Portugal, com produtos de design contemporâneo, a provar a ligação antiga que o designer de interiores Paulo Lobo mantém com artesãos. Há chapéus feitos de esparto e palma (do Sul) ou de centeio (do Norte), chinelos de pano, cartolas, chapéus de coco e de feltro elaborados em São João da Madeira, mantas e tapetes de vários pontos do País, cobertores da serra da Estrela, matrafonas em pasta de papel (as Marioskas), cestas de vários feitios e tamanhos, rodilhas confecionadas com restos de tecido. Há, ainda, óculos desenhados por Paula Lobo. Só os chapéus de verão não são portugueses. Tudo o resto é nacional, feito à mão, como antigamente.
Lobo Taste > Lgo. de S. Domingos, 20, Porto > T. 22 201 7102 > seg-sáb 10h-19h30, dom 14h-18h30