Os vinhos das casas Nicolau de Almeida, Vieira de Sousa e Paulo Laureano têm duas coisas em comum: qualidade consistente e origem em projetos familiares bem-sucedidos. São vinhos personalizados, que refletem não só a perícia de quem os faz como também as características do lugar de onde provêm.
João Nicolau de Almeida é um dos nomes maiores dos vinhos do Porto e do Douro pela obra que realizou, quer como diretor de enologia e viticultura da Ramos Pinto, de que foi também CEO, quer como autor de estudos vitivinícolas. Em 2017, já reformado, criou um projeto com os filhos Mateus, João e Mafalda. Era um sonho antigo, que se foi concretizando, a partir de 1993, em sucessivas compras de terrenos na zona de Vila Nova de Foz Côa. Assim nasceu a Quinta do Monte Xisto, onde já criou um portefólio de vinhos tão breve como notável.
A Vieira de Sousa Porto & Douro Wines produz vinho do Porto, desde o século XIX, e vinhos do Douro, desde 2008, com uvas das suas quatro quintas. É uma empresa familiar, que vai na quinta geração e que, sob a liderança das irmãs Luísa e Maria, tem cada vez mais visibilidade. Luísa, que é enóloga, tomou a iniciativa de produzir com marca própria, depois Maria acompanhou-a e as duas agora dizem-se felizes: a qualidade dos vinhos prova que a aposta foi certeira.
Paulo Laureano faz vinhos em várias regiões do País e com duas características: intervenção minimalista e uma aposta nas castas portuguesas. Em 1998, constituiu a empresa Paulo Laureano Vinus, no Monte Novo da Lisboa, Vidigueira, de onde chegam seis novas referências: um vinho de talha e três monocastas (Verdelho, Alfrocheiro e Tinta-Grossa); um colheita (tinto); nosso terroir (branco e tinto). Hesitámos entre os quatro primeiros: os monocastas impressionaram, sobretudo os tintos, mas o vinho de talha também, e este, além de ser novidade, está na altura ideal de se beber e, por isso, impôs-se.
Quinta do Monte Xisto Tinto 2019
Lote das castas Touriga-Nacional (55%), Touriga–Francesa (40%) e Sousão (5%), com pisa a pé e fermentação em lagares, seguida de estágio de 18 meses em pipas e tonéis. Profunda cor rubi, aroma intenso e complexo, com notas silvestres e de especiarias, paladar com volume, textura e harmonia admiráveis, como só se encontram nos grandes vinhos. €65
Vieira de Sousa Reserva DOC Douro Tinto 2018
Produzido com uvas das castas Touriga-Nacional e Touriga-Francesa. Fermentou em cubas de inox e estagiou em barricas de carvalho-francês, durante 12 meses. Tem uma brilhante cor rubi, aroma fino, com notas de frutos vermelhos, um toque floral e alguma especiaria, paladar estruturado com taninos potentes, muita fruta e boa acidez, a conferir harmonia e frescura. €17
Paulo Laureano Vinho de Talha DOC Alentejo Tinto 2018
Resulta de uma mistura de castas tintas de vinhas velhas com fermentação em talhas de barro e estágio de 24 meses, em barricas velhas, a que se segue outro mais longo em garrafa que não são usuais. Tem cor rubi, aroma apelativo, paladar cheio e estruturado, com sabor e frescura intensos. Surpreendente, por ser original e muito apelativo. €31,76