Dados recolhidos pela ViniPortugal, associação interprofissional que tem a missão de “promover a imagem de Portugal enquanto produtor de vinhos por excelência”, revelam que, “entre janeiro e fevereiro, as exportações atingiram um total de 121 milhões de euros, um aumento de 2,96% face ao período homólogo em 2020”. Esta “dinâmica positiva” é motivadora para um setor fortemente penalizado pela crise, mas sempre ativo e capaz de produzir vinhos cada vez melhores. Ao valor há de seguir-se o aumento do volume dos vinhos portugueses exportados – um aumento que a qualidade há muito justifica. Senão, provem estes três vinhos da colheita de 2019: Vinha do Altar Reserva Branco, do Douro; Casa Relvas DOC Redondo e Mamoré da Talha Moreto, ambos tintos, do Alentejo, e registem, por um lado, a sua qualidade, e, por outro, o preço. Onde se encontram vinhos assim, que são bons de verdade e custam menos do que valem?
Vinha do Altar vem reforçar o portefólio do casal de enólogos Sandra Tavares e Jorge Serôdio Borges. A vinha é pequena, só 2,5 hectares, e nova, plantada em 2015 (desafio de uma tia do Jorge, Márcia Cabanelas Serôdio, proprietária da quinta onde nas décadas de 50 a 90 se produzia o vinho da marca Outeiro, com uvas de vinhas entretanto arrancadas). A Vinha do Altar visa “produzir um vinho que era o sonho do seu marido e filho, e que nunca foi possível concretizar”. A primeira vindima foi em 2019. O vinho aí está e como promete!
O Mamoré da Talha Moreto é o vinho de talha da Sovibor, antes designado Mamoré de Borba. Produzido a partir de uvas da casta Moreto, uma das mais antigas e tradicionais do Alentejo, de vinhas de sequeiro com mais de 50 anos, o Mamoré da Talha Moreto 2019 tem caráter que o liga tanto à terra onde nasce, como à casta que o dá. Só chegaram 1 200 garrafas ao mercado e é certo que não vai dar para todos os interessados.
A Casa Relvas apresenta o seu primeiro vinho em nome próprio – Casa Relvas – e também primeiro com Denominação de Origem Controlada: Redondo. É um vinho feito à base das castas mais típicas desta região, como Aragonez, Trincadeira e Castelão, muito aromático, saboroso e fácil de beber, capaz de convencer os mais céticos.
Vinha do Altar Reserva Douro Branco 2019
Elaborado com uvas das castas Viosinho, Gouveio e Arinto de uma vinha no planalto de Fermentões, a 600 metros de altitude. Fermentou a temperaturas baixas e estagiou sobre as borras finas, durante seis meses. Tem aspeto brilhante, cor citrina, aroma sugestivo a frutos cítricos e de caroço com notas florais, paladar muito fresco e macio com final elegante. €9
Mamoré da Talha Moreto Alentejo DOC Tinto 2019
Exclusivamente da casta Moreto, vinificado em duas talhas de barro de cerca de 1 200 quilos. A cor é característica com tons avermelhados, o aroma muito expressivo a frutos vermelhos e pretos com notas de flores silvestres e de especiarias, o paladar intenso, saboroso e muito elegante com a fruta, os taninos e a acidez bem presentes e melhor harmonizados, patenteando elegância e frescura. Muito gastronómico. €28
Casa Relvas DOC Redondo Tinto 2019
Lote de castas tradicionais com Aragonez, Trincadeira e Castelão, entre outras. Fermentação em inox e estágio de um ano em tonel de carvalho francês. Apresenta cor rubi com reflexos violeta, aroma complexo com sugestivas notas silvestres a frutos vermelhos, a ervas e a flores, bem complementadas com referências balsâmicas e de especiarias, paladar elegante e fresco com suave textura. Vinho para refeição suculenta. €8,99