Depois de dez anos a trabalhar para vários produtores, o enólogo Hugo Mendes apostou num projeto pessoal para dar largas à sua liberdade criativa. Acima de tudo, queria mais experimentação e conhecimento das castas portuguesas. Em 2016, surpreendeu com um branco Fernão Pires – vinho de perfil original, mas não definitivo, porque seria redesenhado nos anos seguintes, até chegar ao apuro pretendido –, que já é uma referência do enólogo e da região de Lisboa. Em 2018, apresentou outro branco, da casta Vital, muito fresco, expressivo e com mais poder do que a sua baixa graduação alcoólica (10% Vol.) deixaria supor; na edição de 2019, mostra-se mais rico, cheio e saboroso (12,5% Vol.), tendo alguma doçura no final que se conjuga bem com a acidez viva e lhe dá maior charme. Muita atenção, pois
Outro enólogo apaixonado pelo estudo e pela valorização do potencial das castas nativas portuguesas é Márcio Lopes. A sua experiência profissional começou ao lado de Anselmo Mendes, na Região dos Vinhos Verdes, passou pela Austrália e veio de lá com dois projetos: Pequenos Rebentos, na Região dos Vinhos Verdes; e Proibido, que inclui as marcas Permitido e Anel, no Douro (viria a juntar-lhes outro, Ribeira Sacra, na Galiza). Os seus vinhos são feitos com uvas de castas autóctones ou de castas em desuso, de pequenos viticultores, de produções reduzidas e de caráter único. São vinhos com marca de origem, genuínos, singulares, como o Proibido Clarete 2019 que apresentamos.
Quem andava por cá no último quartel do século passado conhece bem os vinhos Quinta do Côtto, da família Montez Champalimaud. O Quinta do Côtto e o Quinta do Côtto Grande Escolha marcaram a época, figurando, cada qual na sua categoria, entre os vinhos mais conceituados, e contribuindo para o reconhecimento do potencial da região Douro para a produção de vinhos tranquilos de grande qualidade. Após um período de menor visibilidade, saúda-se a chegada dos novos Quinta do Côtto e Quinta do Côtto Grande Escolha, ambos da colheita de 2017, e assinala-se a sua fidelidade ao perfil de vinho clássico que os caracteriza e distingue.
Hugo Mendes Lisboa Vital Branco 2019
Cem por cento da casta Vital, com fermentação espontânea, que parou nos 5,6 g de açúcar, e assim ficou, “de forma natural”, dado o grande equilíbrio existente entre o açúcar residual e a acidez. Tem cor citrina, aroma discreto, limpo, fresco e delicado, paladar saboroso e estimulante com um toque acídulo a temperar a doçura e a provocar um crescendo de prazer. €20
Proibido Clarete Douro 2019
“Um vinho como se fazia antigamente, com estrutura, corpo e frescura”, diz o seu autor, Márcio Lopes, enólogo jovem, mas já com muitas vindimas contadas, e para tanto foi buscar as uvas ao Douro Superior e a uma vinha com cerca de 60 anos, seleção de uvas tintas de castas nativas. Conceito: intervenção mínima, na vinha e na adega. 2019 é a primeira colheita. E que vinho mais catita, com aroma jovem a frutos vermelhos frescos, paladar subtil a derramar frescura e final obviamente feliz! €12,50
Quinta do Côtto Douro Tinto 2017
Vinho de lote das castas Touriga-Nacional, Touriga-Franca, Sousão, Tinto-Cão e Tinta-Roriz. Fermentação em inox, seguida de estágio parcial em barricas, durante cerca de um ano. Tem cor rubi profunda, aroma intenso com boas notas de frutos vermelhos, paladar harmonioso com volume, sabor, frescura, persistência e bom equilíbrio. €7,89