Todos os vinhos, quando bem feitos, merecem respeito, goste-se ou não deste ou daquele. O perfil de um vinho pode ficar traçado por fatores naturais – solo, clima, castas e outros – ou ser desenhado pelo enólogo em função dos tipos de uvas de que dispõe ou da preferência do mercado a que o destina. De qualquer forma, a diversidade de vinhos é uma bênção para o consumidor, que pode escolher o que lhe apetece ou julga mais adequado às circunstâncias do momento.
A VISÃO publicou, em novembro passado, uma longa lista de vinhos escolhidos entre os melhores provados ao longo do ano. Diferentes entre si e de valor desigual, mas todos uns senhores. Aqui, em jeito de contraponto, sugerimos três vinhos muito fáceis, baratos e agradáveis, no momento adequado de conversa, de petisco ou de refeição: um espumante inesperado e dois tintos novos – colheita de 2020 – do Minho e do Dão.
O espumante é das Caves Altoviso, empresa bairradina que vem de meados do século passado, que ganhou prestígio, decaiu e andou meio desaparecida, mas ativa, sobretudo na área dos licores e bebidas similares, e que quer regressar aos seus bons velhos tempos, nomeadamente na produção de espumantes.
O Arca Nova Primoris acrescenta ao seu tipicismo usual, que advém das uvas da casta regional vinhão e da vinificação com leveduras indígenas, o facto de não ter, este ano, adição de sulfitos, a fim de “inovar e melhorar a qualidade”. E recomenda-se que seja servido “num copo ou na tradicional malga de vinho verde tinto, harmonizando com a adequada gastronomia portuguesa e, sobretudo, na melhor companhia”.
O Titular Dão Novo é mais um monocasta: Jaen. Produzido pela Caminhos Cruzados na Quinta da Teixuga, em Nelas, tem pergaminhos, os quais muito devem à técnica de maceração carbónica e à consequente obtenção de um vinho sedutor no nariz e muito suave na boca, diferente, para ser bebido de modo informal
Altoviso Espumante Cuvée Blanc de Noirs Baga Reserva Bairrada Brut 2015
Espumante branco elaborado com uvas da casta tinta Baga, que é soberana na Bairrada. Tem aspeto brilhante, bolha muito fina e persistente, cor amarelo-palha com alguns laivos de âmbar, aroma limpo e frutado com notas minerais e leve tosta, paladar fresco com boa cremosidade e final elegante. Bom aperitivo e também capaz de acompanhar toda a refeição. €6,80
Arca Nova Primoris Vinhão Vinho Verde 2020
Vinhão, casta tinta, rainha da Região dos Vinhos Verdes, é a mãe deste Arca Nova Primoris, da Quinta das Arcas, em Valongo. A vinificação decorreu com leveduras indígenas e sem adição de sulfitos. Tem uma profunda cor vermelho–rubi, aroma fresco e bastante frutado, paladar forte com acidez viva, bem integrada, não adstringente, saboroso. Vai bem com pratos fortes da gastronomia tradicional portuguesa. €5,50
Titular Dão Novo Tinto 2020
De uvas tintas da casta Jaen, com maceração carbónica, da qual resulta um vinho com caraterísticas particulares: grande expressão aromática, em que avultam as notas frescas de frutos vermelhos e paladar macio com os taninos aveludados; bom sabor à fruta, acidez que baste para lhe dar frescura. Servido a 12 ºC, lembra castanhas, petiscos, sabores de Itália e do Oriente. €6,95