Entramos na Lanchonete, aquela palavra que nos habituámos a ouvir nas telenovelas dos anos 80 e que quer dizer, mais ou menos, o mesmo que os nossos snack-bares, e imaginamos de imediato os clientes brasileiros a perguntar, naquela pronúncia inigualável: “O que é mesmo um brunch?” Nós, portugueses, sabemos do que se trata, por influência inglesa, só que também nunca provámos a sua versão com sabor tropical.
Aqui, qualquer dia é dia desta refeição, que mistura duas numa só, mas é preciso escolher se se tem fome ou muita fome. Optámos pela versão mais curta (€13), porque nos pareceu suficiente para a hora do almoço, mas antes de começar a comer há que tomar decisões importantes. “Pão de queijo ou coxinha?” Isso nem se devia perguntar, pois é claro que vamos provar os pães de queijo (que pena serem só dois), acabados de amassar pelo pai de Pedro Bento, ex-emigrante no Brasil. Pedro, 30 anos, não cozinha, mas está ao balcão a gerir os pedidos durante todo o dia. É ele que, desde há um ano e meio, toma conta do negócio da família, depois de o ter transformado numa lanchonete. E, agora, decidiu criar este formato de brunch, refeição a que os brasileiros não estão habituados.
Segue-se outra dúvida: pão grelhado com requeijão ou pastel de feira (que também responde por pastel de vento)? Nunca comemos aquela espécie de torrada e adoramos um bom pastel; por isso, embarcamos num de palmito, adequado a vegetarianos. Neste caso, a confeção é da responsabilidade da mãe de Pedro e não defrauda em nada os sabores que nos lembram os tempos em que o Brasil era um destino visitável.
Por fim, é a vez de optar por doce ou salgado, por tapioca (farinha de mandioca) ou crepioca (com ovo). Vamos na versão mais original e no recheio salgado veggie, com cebola, cogumelos verdadeiros e tomate cherry. Enquanto isso, bebemos um chá-mate Leão frio e, assim, acabamos de matar as saudades – que já são muitas – do país irmão.
A Lanchonete > R. Pinto Ferreira, 5A, Lisboa > T. 21 364 8755 > seg-sáb 9h-19h
Brasileirando por aí
A Covid-19 pode ter-nos afastado do Brasil, mas felizmente há vários sítios onde mitigar as distâncias através da comida
Brigadeirando
Este clássico da doçaria brasileira, com sede na Lx Factory, tem novidades para passar melhor este estranho outono. Seguindo a inspiração das receitas de família, agora vendem bolos tradicionais, ainda na forma de alumínio, como se tivessem acabado de sair do forno. A cobertura, e para fazer jus ao nome, é sempre de brigadeiro. Os sabores à escolha variam, dos mais clássicos, como o bolo de cenoura ou de chocolate, aos mais distintivos, como o de banana e brigadeiro de caramelo, o de milho coberto de brigadeiro de chocolate branco ou o de lima e mirtilo com brigadeiro de lima. Cada um custa 18 euros e pode ser encomendado online (brigadeirando.pt), para se levantar mais tarde na loja. Lx Factory > R. Rodrigues Faria, 103, Lisboa T. 96 348 1132 > seg-dom 11h-19h
Coxinharia
Quem diria que a cidade ainda haveria de ter uma casa especializada no salgado mais famoso do Brasil? Aqui, há vários tipos de coxinha e os recheios são de produtos que nem nos passariam pela cabeça – do tradicional de frango ao de queijo, passando pelo de bacalhau, veggie ou de camarão. A massa é caseira, assim como estes recheios, que se levam à fritadeira no momento do pedido. Além desta especialidade tão específica, a Coxinharia também se dedica a outras delícias do Brasil, como tapiocas, açaí ou brigadeiros. É por isso que, além de haver feijoada ao sábado (€12,50), também se pode optar por um brunch (€15), com direito a provar de tudo um pouco, sempre com música brasileira como pano de fundo. R. de Cascais, 31A, Lisboa > T. 21 590 3039 seg-sáb 12h-20h