A mão e os conhecimentos da gastronomia tradicional portuguesa não falham. “A cozinha é uma gramática: ou se cumpre ou não funciona”, defende Heitor de Melo, há 35 anos nestas andanças, principalmente, na área do catering e, mais recentemente, como consultor. O bichinho da restauração nunca desapareceu e, farto de andar ao sabor da cozinha internacional, quis regressar às origens. Quando surgiu a oportunidade, ocupou a casa em que funcionou o restaurante Antigo Carteiro, onde o rio Douro corre para a foz, e deu-lhe o ar da sua graça. “Quis tornar o espaço mais acolhedor, mais casa da avó”, diz Heitor, “com um cuidado na decoração e um horário alargado que muitos restaurantes clássicos descuram”.
No Broa não são precisos xailes e guitarras para acentuar a portugalidade da carta. O cozido à portuguesa (todos os sábados e domingos), os filetes de pescada ou de polvo (com arroz do mesmo, claro está) são feitos com primor. “Quem vem, gosta muito”, sublinha o chefe de cozinha, que sabe ser difícil convencer uma faixa etária mais jovem a trocar um hambúrguer por uma língua estufada. “Entre os meus clientes, é dos pratos que tem mais saída, mas há quem, pura e simplesmente, o condene”, conta.
Ao almoço, há um menu diário, por €9,50 (inclui sopa e sobremesa, prato principal e café), com sugestões que podem abarcar várias regiões do País.
Heitor serve especialidades de todo o País, desde as tripas à moda do Porto às açordas alentejanas. Só nos vinhos optou por privilegiar a região duriense. Mas olhemos mais atentamente para a carta, que muda com regularidade. Estão lá os pastéis de massa tenra (€6) e os ovos verdes com feijão-frade (€8), nas entradas; o bacalhau no forno com broa (€16) e frango estufado na púcara (€12), nas sugestões principais; e o pudim Abade de Priscos ou o leite-creme queimado nas sobremesas (ambos €5). Clássicos que fogem às modas, para agradar (acreditamos) a diferentes gerações.
Broa > R. Senhor da Boa Morte, 55, Porto > T. 22 610 1080 > ter-sáb 13h-15h30, 19h30-00h, dom 12h30-17h