Foi a localização do edifício do século XIX, em frente à Casa do Infante – onde nasceu D. Henrique, o Navegador –, a ditar o tipo de cozinha e o nome do Mescla, aberto no fim de outubro. “A ideia foi imaginar um viajante que voltou de vários destinos e trouxe produtos que vamos mesclar ou misturar”, explica Margarida Teixeira, diretora de marketing deste novo restaurante, na Rua da Alfândega, a desembocar no rio Douro. Ao mesmo tempo, acrescenta, querem levar “os portuenses de volta à Ribeira”, que se tornou mais turística e, talvez por isso, menos procurada pelos locais.
Antes de se olhar a carta, valerá a pena percorrer as salas – são três, a contar com a zona de bar, à entrada –, reparar nos tetos de madeira originais e na decoração, com peças dos quatro cantos do mundo, das gaiolas da Ásia a quadros trazidos da Índia. Para desenhar a ementa, o chefe Diogo Gomes, 28 anos, pesquisou a influência dos Descobrimentos na gastronomia portuguesa: “A nossa cozinha tem muito de colonial, fomos influenciados mas influenciámos outros”, lembra.
As moelinhas (€5) são servidas com molho vindaloo (de Goa), provando que “um produto que não é nobre pode ser transformado”; a moqueca (Brasil) vem com raia seca e gambas (€18); a tagine de grão (Marrocos), com abóbora, tomate e cuscuz de limão (€9,50); e a bifana de cachaço de porco bísaro (€6) chega à mesa dentro de um pão, feito com polvilho e queijo dos Açores. Nas carnes, o chefe não abre mão das raças autóctones nacionais, como a arouquesa ou a mirandesa, de que é exemplo o costeletão (€65/duas pessoas). Em breve, entram, entre outros, a sopa de castanhas com cogumelos, a corvina de pesca à linha e a salada de pera com mel fermentado e nozes. “É cozinha do mundo com os pés em Portugal”, resume Diogo Gomes.
Mescla > R. da Alfândega, 15, Porto > T. 22 099 0671 > seg-ter, qui-dom 12h30-24h