Como de costume, à passagem pelas bandas de Pombal fui ao restaurante Manjar do Marquês e, também como de costume, vim de lá satisfeito. A sala grande com decoração tradicional continua a atrair muitos clientes, o ambiente mantém-se familiar e acolhedor, mesmo nos períodos de maior afluência, a comida é feita com produtos e sabores genuinamente portugueses que Dona Lurdes Graça faz questão de preservar – tem 87 anos, “bem bonito rol”, e não larga a cozinha –, a garrafeira reserva surpresas para quem seguir os conselhos de Paulo Graça, outro pilar da casa, filho de Lurdes. A par desta sala de refeições, há um snack-bar com balcão e “pendurezas” usuais (presuntos e similares), toalhas aos quadrados nas mesas, petiscos, serviço e preço ligeiros, tendo de permeio um espaço de exposição e venda de produtos.
À mesa, e antes da boa comida de tacho arrolada na ementa – em especial o arroz de tomate, que se tornou emblemático, a acompanhar filetes, bacalhau (pastéis, pataniscas, frito em posta) e panados, por exemplo –, insinuam-se os petiscos para entrada, como pastéis de bacalhau, rissóis, croquetes e chamuças, tudo bem recheado e melhor frito, torresmos do lombo, queijo fresco do Rabaçal, que é feito expressamente para o restaurante, polvo de vinagreta, e outros. Depois, pode vir o tal arroz e, com ele, filetes de pescada com polme e fritura impecáveis, pastéis ou pataniscas de bacalhau a saberem bem ao que são, posta de bacalhau frito e panados de lombo de porco, com os quais se fez a imagem do restaurante.
Mas vale a pena considerar alternativas como o peixe do dia grelhado (ou frito e, neste caso, com o inevitável arroz de tomate); o polvo assado no forno, simples e delicioso, só com azeite, cebola e bom molusco; o ensopado de robalo ou de cherne, conforme a praça; o arroz de carnes aldeão, prato de inverno, que está a chegar, com carnes de porco e de vaca, enchidos, hortaliças e arroz carolino que vai absorver aquele molho e embevecer o paladar; o arroz de entrecosto com grelos, outra combinação perfeita de arroz, carne e vegetal. Para os apreciadores de carne recomenda-se o chulleton de rubia gallega (raça bovina da Galiza), com maturação ligeira e sabor intenso e bom. Boa doçaria com êxitos de sempre como a torta de laranja, o leite-creme, o arroz-doce (aos fins de semana) e o Manjar do Marquês (que deu o nome ao restaurante). Garrafeira singular, vasta, mas voltada para vinhos não massificados e escolhidos com o gosto e o saber de Paulo Graça. Serviço eficiente e simpático.
O Manjar do Marquês > Estrada Nacional 1, Pombal > T. 236 200 960 > seg-ter, qui-dom 12h-14h30, 19h30-22h > €20 (preço médio)