César Correia, o rosto mais conhecido da Casa Guedes – a tasca que, desde 1987, gere com o irmão, Manuel, na esquina da Praça dos Poveiros com o Passeio de São Lázaro, na Baixa do Porto –, é um homem visivelmente mais descontraído. “Estou muito feliz”, diz, enquanto faz uma visita guiada pela nova casa de sandes de pernil que abriu a 18 de setembro, num edifício de três andares, a uns metros da casa-mãe. Agora, em vez de uma, a cidade passa a ter duas Casa Guedes, onde se podem saborear as célebres sandes de pernil assado, com ou sem queijo da Serra – a partir de meados de outubro, estas poderão ser encomendadas através da plataforma Uber Eats.
Desde 2015 que César Correia andava a restaurar este prédio, no número 56 da Praça dos Poveiros, antecipando um possível fecho da tasca antiga, situada ali a uns metros, no número 130, na sequência das ameaças do senhorio em vender o prédio. Mas nem César, com 61 anos, nem o irmão, Manuel, 62 anos, queriam fechar “aquela esquina” que pôs “as sandes do Guedes nas bocas do mundo”. “Nunca a fecharia. Só se fosse obrigado”, afirma. O encerramento acabou por não acontecer, devido à entrada, em junho, de três sócios brasileiros – Leonardo Bevilacqua, Vinicius Fraga e António Rodrigues, responsáveis pelos Botecos Belmonte, no Rio de Janeiro, Brasil. A nova sociedade acabaria por adquirir o prédio “só para manter a casa-mãe”, adianta César Correia. Leonardo Bevilacqua, um dos investidores, confessa ter-se apaixonado pelo “sabor incrível” do pernil, e lembra que os objetivos do negócio passam por “investir, ajudar na parte da gestão e na capacitação da marca”.
Certo é que, com este novo folego financeiro, foi possível manter a tasca original e, ao mesmo tempo, abrir a casa nova, com três pisos e capacidade para receber 200 pessoas, várias salas e esplanadas (viradas para a Praça dos Poveiros e para as traseiras do edífício), e um menu com maior oferta. Às sandes originais de pernil assado (€3,50) – cozinhado à moda de Baião, de onde os irmãos Correia são naturais, com um tempero e uma forma de assar que continuam em segredo –, de presunto e de pernil com queijo da Serra (€4,50), acrescentaram-se outras iguarias. Como a sandes de pernil assado com abacaxi (€4,50), a sandes à chefe Guedes (pernil assado com cebola caramelizada com redução de vinho do Porto e queijo brie, €6), ou a francesinha tradicional e à Guedes (€9,50). Isto, além de comida tradicional, como as tripas, o bife à portuguesa, o arroz de polvo, a picanha à brasileira, e, até mesmo, sugestões de pratos para veganos e crianças.
Mas há mais novidades. A juntar ao tradicional vinho Espadal e ao branco de Baião que, há anos, acompanham as sandes, a nova Casa Guedes tem uma carta de bar com várias bebidas, na qual constam gins, cocktails clássicos e reinventados, como o Bloody Mary – leva uma infusão de pernil com vodka e sumo de tomate temperado.
“Sou acarinhado por todo o mundo. Doía-me ver as filas de pessoas à chuva [na tasca antiga], à espera das sandes. Aqui, têm mais conforto”, não se cansa de repetir César Correia, conhecido como “o Guedes”, que, entre uma e outra casa, promete continuar de olho na qualidade das suas sandes de pernil.
Casa Guedes > Praça dos Poveiros, 130 > T. 22 200 2874 > seg-qui 10h-24h, sex-sáb 10h-1h, dom 11h-21h > Praça dos Poveiros, 56 > seg-qui, dom 12h-24h, sex-sáb 12h-2h