Na Quinta das Lágrimas, em Coimbra, o inverno chegou à mesa do restaurante Arcadas. Na nova carta, inspirada nas tradições, lendas locais e no terroir de Santa Clara, onde está localizado, exploram-se à mesa os produtos regionais e da época, provenientes da horta da quinta e de pequenos fornecedores da região. Para esta estação, que pede aconhego para o estômago, o chefe Vítor Dias, à frente da cozinha desde 2015, trabalhou produtos tão diferentes como pombo, caracol e carabineiro, figos, castanhas e cogumelos. “Gosto que apareçam coisas novas na carta, do produto às combinações”, diz o chefe.
Entre as propostas presentes nos três menus – Região, Pedro & Inês e Vegetariano – há entradas tão interessantes como o caracol em vinho “Baga” e orégãos, que leva feijão verde e cebola infusionada em chá de hibisco, e um carabineiro do Algarve e seu gaspacho, servido com um pequeno tomate fingido recheado com gamba, gel de coentros, pão de Viana tostado, que é terminado com um consomé de tomate espremido diretamente da cabeça do carabineiro. Nos pratos principais, o robalo com “sauce thai”, emulsão “pico de gallo” e leite de tigre (preparado com o peixe do dia), finalizado com um shot de leite de tigre, coentros e maracujá, prepara o palato para os sabores da carne. Já o tradicional bacalhau é apresentado com feijoada “cabeça de coelho” – uma variedade rara de feijão autóctone, produzida em pequenas quantidades – e gamba da costa. Nas carnes, destaque para o pombo, figo em conserva e maçã, e para o cabrito glaceado com cuscos de “Bragançã”, carqueija e mel.
Quando se trabalha num restaurante com a envolvência do Arcadas, inserido em doze hectares de jardins e mata verde, e cenário da história de amor do Príncipe Pedro e Inês de Castro, é natural que isso se reflita também à mesa – em pormenores que causam supresa. É assim, aliás, que pode começar uma refeição no Arcadas, quando se é brindado com A Rocha, um aperitivo que pede explicação antes de se provar. “A ideia é comer só a pedra preta, de uma vez”, esclarece o chefe Vitor Dias. Ao rebentar na boca, sente-se o licor Beirão, a lima e a menta fresca. No prato, vem ainda uma hóstia que se come depois de lida a história inscrita. Por fim, a Floresta doce, sobremesa que se tem mantido na carta com pequenas alterações: uma árvore de chocolate com algodão doce, a lembrar-nos da floresta que rodeia o restaurante.
Arcadas > Quinta das Lágrimas > R. António Augusto Gonçalves, Coimbra > T. 239 802 380 > seg-dom 19h30-22h30 > Menu Região €120, Menu Pedro & Inês €85, Menu Vegetariano €60