A caminho do Sul, passando Ourique, vê-se uma placa de trânsito que assinala o desvio para Nossa Senhora da Cola. É por aí que seguimos, com os olhos postos na paisagem e o pensamento nos sabores do Alentejo, até encontrar, quatro quilómetros andados, junto do antigo santuário mariano e do circuito arqueológico, a escassas centenas de metros do rio Mira e da Barragem de Santa Clara, o Castro da Cola. É um restaurante devotado à gastronomia alentejana com uma cozinheira de mão-cheia, Dona Lucília, o qual vem do tempo em que se chamava O Chaparrinho (lembram-se?). Rebatizado, para melhor se identificar com o lugar onde está, e com instalações totalmente remodeladas – sala de espera com balcão e bar; sala principal com lareira; outra, contígua, igualmente com lareira e cheia de luz; alpendre, onde também se servem refeições –, oferece um ambiente tranquilo, harmonioso e muito agradável.
A cozinha é genuinamente alentejana, baseada nos produtos da região. Para entrada insinuam-se os torresmos, que são de confeção própria, leves, estaladiços, gulosos, a par do paio de porco preto, do presunto, da orelha de porco com coentros e do queijo de ovelha, que se aliam às boas azeitonas temperadas e ao pão alentejano. Os mais pedidos, dos pratos principais, são, provavelmente, uma sopa de cação deliciosa – que tem a particularidade de levar batatas cozidas em rodelas finas, além do pão, no caldo temperado e perfumado com coentros – e dois ensopados: de borrego (com a carne muito tenra e limpa de gorduras) e de cabrito, ambos em cozinhados simples com azeite, cebola, alho, vinho branco e água, a que se juntam o pão caseiro e a hortelã, no caso do borrego, e coentros, no do cabrito. Contam-se, ainda, entre outros pratos, a açorda alentejana de bacalhau com ovo, o jantar de grão (cozido de carnes de porco e enchidos com grão-de-bico, que recende), as migas com carne de porco frita, a cabidela de galinha do campo e os grelhados de porco preto (secretos, plumas e abanicos). Também há excelente doçaria conventual e tradicional, feita na casa, como bolo rançoso, pão de rala, tarte de requeijão alentejano e toucinho- -do-céu. Garrafeira só com vinhos alentejanos, excetuando meia dúzia de referências claramente “para turistas”. Serviço eficiente e simpático.