Ingrid Correia passou quatro meses a aprender a fazer Castella. “Foi um processo intenso, este é o bolo mais sensível que conheço, até as condições atmosféricas interferem no fabrico”, explica Ingrid, que largou o mestrado em Ciências Cognitivas para pôr literalmente a mão na massa. A oportunidade surgiu quando Paulo Duarte decidiu fechar o salão de chá luso-japonês na Rua da Alfândega – o único sítio em Lisboa onde se comia esta especialidade –, para rumar ao Japão. Foi no casal Tiago Cabral Ferreira e Ingrid Correia que o pasteleiro encontrou as pessoas certas para fazer perdurar a Castella, feita a partir da receita tradicional de pão de ló e que foi levada para o Japão no século XVI pelos missionários portugueses.
Ainda antes de abrirem a loja e fábrica Kasutera (Castella, em japonês), em novembro do ano passado, Tiago e Ingrid já vendiam o bolo para vários restaurantes, como o Kampai, o Go Juu e o Kanazawa, e na Conserveira de Lisboa (que pertence à família de Tiago). Agora é nesta loja, com uma pequena janela para a Rua do Poço dos Negros e ambiente a remeter-nos para o Oriente, que o pão de ló é confecionado em duas versões: tradicional ou chá verde (matcha). É feito em grandes formas quadradas de seis quilos e, depois de repousar seis horas, cortado em pedaços com 300 ou 600 gramas. A receita leva ovos, açúcar, mel e farinha, sendo o matcha o único produto importado incorporado na massa. O resultado é um bolo leve, fofo mas consistente e doce q.b. Embalado à mão com a mesma delicadeza com que é produzido, é bom para comer e para oferecer, tal como fazem os japoneses por terras do Sol Nascente.
Kasutera Lisboa > R. do Poço dos Negros, 51, Lisboa > T. 21 395 1596 > ter-sáb 11h-20h