Midori, diz quem sabe, traduz-se por verde. E, quem lá vai e dá de caras com as cores da serra de Sintra ali à volta, percebe imediatamente a razão de ser desse batismo. Nós, embora não dominemos a língua nipónica, podemos acrescentar que quando se junta o adjetivo “novo” à palavra Midori, ela passa a significar também exclusividade. Os pormenores estão lá, desde o início do mês, para nos lembrar disso. Do antigo restaurante japonês, dentro do hotel Penha Longa, pouco resta. Para falarmos em termos matemáticos, sobram apenas 18 lugares, espalhados em mesas bem acolhedoras. E sobra, para gáudio de quem gosta de arriscar, o chefe Pedro Almeida, naquela cozinha há cinco anos.
A zona maior deixou-se para o futuro restaurante pan-asiático, mais virado para as famílias que não estão para grandes experiências gastronómicas. Ao cantinho de 80 metros quadrados, exclusivo, lá está, que ficou para o novo Midori, só se acede depois de se cruzar uma porta automática, sempre fechada, que não deixa ver lá para dentro. Nós, que entrámos, podemos revelar que a salinha mantém a vista envidraçada para os jardins, mas não será só por isso que se torna reconfortante. É a alcatifa fofa que pisamos ao caminhar, a pintura a traço tosco de uma caravela e uma gueixa na parede, os tons brancos dominantes. E o serviço cinco estrelas, que se vai revezando atrás do balcão e lá para dentro, numa cozinha que nos disseram ter 300 metros quadrados.
Andrea Smith apresenta-se cheia de sotaque californiano, fala de vinhos como ninguém. Fará várias aparições ao longo de um menu que tarda quatro horas a degustar. Arranje-se espaço no estômago e ousadia na alma, que ele dará cabo de algumas convicções. Mas se alguém já tiver comido miso shiro de caldo-verde (€15), e conseguido encontrar na mesma sopa os dois sabores, como aqui, não escrevo nem mais uma linha… Falamos neste exemplo porque numa pequena taça está o resumo vivo da cozinha de Pedro Almeida e daquilo que se quer para este pequeno, mas enorme, restaurante – as técnicas japonesas junto a produtos muitas vezes nacionais. “Isto agora complicou-se um pouco”, avisa o chefe, meio a brincar, embora falando muito a sério acerca deste restaurante que revela a sua essência. “Já não preciso de fazer igual aos outros, como antigamente. Desliguei-me do estigma dos restaurantes japoneses.”
O Menu OOkii tem 11 momentos, que querem dizer para cima de 25 variações sobre a cozinha japonesa, e custa 160 euros. Por ser tão extenso, é impossível reproduzi-lo aqui, garantimos no entanto que se trata de uma experiência especial, do princípio ao fim do jantar.
Midori > Penha Longa Resort > Estr. da Lagoa Azul, Sintra > T. 21 924 9011 > ter-sáb 19h-23h