Quando o chefe Pedro Almeida, do restaurante Midori, no Penha Longa Resort, em Sintra, apresentou o primeiro prato da nova ementa de outono, que começa a ser servida esta terça-feira, 13, os olhares dos convidados-cobaias cruzaram-se numa espécie de interrogação coletiva. Um caldo-verde ao estilo japonês? A explicação sobre o misoshiro com couve crocante, chouriço e pão (€6), dada ainda antes da prova, fez aumentar a curiosidade: “Trata-se de uma sopa miso ao qual adicionei a couve frita para ficar crocante. A tradicional rodela de chouriço foi transformada em óleo e em maionese. No fundo, a sopa tem todos os ingredientes de um clássico caldo verde. Mais do que desconstruir, no Midori construímos pratos”, diz Pedro Almeida, o chefe nascido em Sintra.
Esta é uma das sugestões que marca a nova etapa do restaurante Midori. “Todos os meses criávamos um menu com 24 pratos, Por isso, não fazia sentido mudar a carta principal. Ao fim do ano contabilizávamos mais de 200 receitas. Agora, percebemos que os pratos-base da ementa mereciam atenção”, explica Pedro Almeida. A partir desta terça-feira, 13, serão servidos dois menus com duração de três meses: o Midori 1.0, composto por sugestões de sushi e sashimi, e o Midori 2.0, com pratos japoneses com influências do mundo.
O jantar segue com usuzukuri de salmão, sunomono de limoncello e awayuki de eucalipto (€16,50). Com a iguaria chega, também, a primeira lição da noite: dá-se o nome de usuzukuri a um corte de sashimi, muito fino, normalmente usado em peixes brancos. De todos os elementos que compõem este prato, são as bolinhas douradas, em cima do salmão, que saltam ao paladar e ficam na memória. São conhecidas como caviar de lima e sabem mesmo a este citrino. O segundo elemento que surpreende é o pó branco a preencher o prato na diagonal. Assim que se prova reconhece-se, de imediato, o sabor a halls de menta. “Serve para dar um sabor mais fresco”, nota.
A novidade seguinte da carta é o nigiri de nasu (beringela) dengaku. Trata-se de um prato tradicional japonês e um dos preferidos do chefe Pedro Almeida. No momento de o comer, tiram-se as dúvidas: “Agarra-se com a mão, nada de pauzinhos”, explica.
O jantar de degustação incluiu mais um nigiri, o de arroz de marisco (€6,50). “Para confecionar este prato, faço um grande panelão de arroz de marisco. Depois, escorro tudo, para ficar apenas com o molho”, descreve. O tako meshi gobo (€27), que se seguiu, é inspirado no nosso arroz de polvo. Neste caso, o polvo é assado e apresenta-se com salsify (que lhe dá o crocante) e nato (um molho com soja fermentado).
Passando à carne, o último prato escolhido, e (a)provado, é o nikujaga trufado (€28) que, traduzindo em sabores, é um género de croquete de bochecha de novilho guisada (como se fosse uma jardineira) com gengibre e frutos secos, acompanhado por um canudo de batata trufada.
A refeição já vai longa mas há que reservar um espacinho para a sobremesa. Chama-se zen (€8) e é feita com dulce de leche, cassis, gengibre e especiarias.
Midori > Penha Longa Resort > Estr. da Lagoa Azul, Sintra > T. 21 924 9011 > ter-dom 19h-23h