
O tártaro do Tenra
Rui Duarte Silva
“Uma pessoa vendada, ao chegar aqui, não adivinharia que está no Porto”. A frase de Armando Oliveira, um dos sócios do Tenra (juntamente com João Oliveira e Roberto Gonçalves), é esclarecedora quanto ao cosmopolitismo que os donos pretendiam imprimir ao restaurante, na Rua da Picaria, no mesmo local onde outrora funcionou a loja de bicicletas Suria. As ideias transmitidas à equipa de arquitetos (ateliê Mapa) e designers (estúdio Typeless) colheram inspiração em restaurantes de Madrid, Barcelona e Londres. “O Porto está pujante, mas a oferta na restauração está nivelada por baixo”, considera Armando. “Queríamos trazer para a cidade um serviço, produto e ambiente diferenciado, que existe noutras metrópoles.”
Apostaram assim numa steakhouse de ambiente sofisticado e intimista, onde servem algumas das melhores carnes do mundo, tratadas e servidas com os cuidados merecidos. No menu pode ler-se uma pequena descrição dos três tipos de carnes disponíveis: wagyu, black angus e galega. Fala-se das origens, se são mais ou menos tenras, do nível de infiltração (o marmoreado provocado pela gordura), do sabor ou do tipo de corte. “São três raças muito diferentes, dão carnes com muita personalidade, vocacionadas para a grelha”, explica o chefe de cozinha Pedro Braga. A qualidade da carne é de tal forma alta que só precisam de ser temperadas com sal grosso marinho, grelhadas no forno Josper para ganharem o desejado sabor a fumo e servidas após descanso. Os molhos são dispensáveis, embora na carta existam dois (bearnês e de trufa), quanto mais não seja para molhar as batatas.
Falemos então dos acompanhamentos, à escolha dos clientes. Há quatro opções de batatas, raiz de aipo, brócolos, cogumelos e coração de alface. Nas entradas encontram-se ostras, presunto wagyu (muito elogiado pelo chefe), terrina de foie, tártaro e tutano, a aposta mais arrojada de Pedro Braga que, para sua surpresa, tem tido muito êxito. A oferta de sobremesas é pequena e passa por um tradicional pudim abade de priscos servido com gelado de maracujá, uma “bomba” de chocolate, um brown sugar (tarte com nata de bourbon) e também um cheesecake. No que diz respeito às bebidas, para além da carta de vinhos portugueses, o Tenra apostou na criação de cocktails como o Blue Sky e o Spicy (um à base de gin, o outro de vodka). “Estamos no limiar entre um restaurante e um bar”, diz Armando Oliveira. Refira-se ainda o facto de, em média, um jantar fica por €50 e, durante a semana, haver menus de almoço por 15 euros.
Tenra > R. da Picaria, 12, Porto > T. 92 512 5121 > seg-qui 12h-15h, 19h-24h, sex-sáb 12h-15h, 19h-02h

O restaurante Tenra foi projetado pelos arquitetos do Atelier Mapa
Rui Duarte Silva