A meio caminho entre a Praça do Coronel Pacheco e o Teatro Carlos Alberto, na Baixa do Porto, Xulio Santiños e Sara Soares, a mulher, encontraram o lugar certo para cumprir um sonho, com mais de duas décadas, e dar de beber “à morriña”. “É um sentimento, uma espécie de saudade, que sentes quando estás longe da família, da terra, da música, de beber uma cerveja e comer pimentos padrón num bar”, explica Xúlio, 51 anos, natural da Corunha. Razão para a taberna galega, virada para o Largo de Alberto Pimentel, desde julho, chamar-se Morriña.
Ligado ao negócio do imobiliário, desde que, há 23 anos, se instalou por cá, Xulio acabou por investir naquele que diz ser “o melhor largo do Porto.” Se fosse em cidades como Lugo ou Corunha, observa, “estaria cheio de gente, rodeado de tabernas, bares e esplanadas, com um parque infantil no meio.” Na Morriña, sente-se uma certa forma de estar galega. Senão vejamos: a cerveja é Estrella Galicia (€3), tirada da cuba aqui instalada, onde acaba de fermentar; as especialidades é a famosa tortilha galega (€2,50), os pimentos padrón, que chegam diretamente da Cooperativa de Padrón, na época certa (de maio a setembro), e o típico raxo (€5,50), nome para a carne de porco frita com muito alho e um molho especial. Tudo servido em travessas, para partilhar.
Em breve, vão ter tortilhitas, calamares, croquetes de presunto e pulpo (polvo galego). A ementa “não vai crescer”, esclarece Xulio, pois a Morriña não é um restaurante. “A comida é apenas um meio para beber.” Servidos a copo, encontram-se 131 vinhos, “os melhores do mundo”, a grande maioria de origem portuguesa, de todas as regiões do País.
Instalada num edifício de dois pisos, a taberna tem apenas uma mesa alta comunitária, rodeada por armários de madeira com portas de rede, no rés do chão, e reserva as paredes do primeiro andar para artistas locais. Outra tradição galega, por supuesto.
Morriña > R. dos Mártires da Liberdade, 20, Porto > T. 92 425 6551 > seg-dom 12h-2h