Reabriu há dias o Solar do Moinho de Vento, antigo e bom restaurante de cozinha tradicional portuguesa, após uma remodelação que o tornou mais confortável. Encostado à Praça Carlos Alberto, numa das zonas mais nobres do Porto, tem agora entrada independente para a sala do rés do chão; bar (aberto diariamente das 12h às 22h), onde se pode beber, petiscar e, também, esperar por mesa sem ser em pé e “em cima” de quem já está sentado; cozinha com espaço e visibilidade alargados; ambiente mais leve e acolhedor. Na sala de cima nada mudou.
Imutável também o apego à cozinha regional, ou portuense, como prefere dizer o proprietário, Pedro Bessa Monteiro, antigo cliente que tomou conta do restaurante há 17 anos e logo contratou Lucília Moreira – Dona Cila – para o seu comando (acompanhada, e bem, desde 2015, pela mãe dele, Linda Santos Ribeiro, que veio do seu Tentações no Prato, à Foz). Daí que a estrutura da ementa seja sempre a mesma, embora as iguarias vão rodando ao ritmo do tempo e do mercado.
Há sempre um bom elenco de entradas: bolinhos e pataniscas de bacalhau, sardinhas fritas ou em escabeche, queijo de Azeitão, salpicão de Baltar, presunto pata negra e alheira de caça, entre outras. Depois, impõe-se o capítulo dos arrozes, que é comida de tacho no seu melhor: arroz de polvo malandrinho, de bacalhau com amêijoas frescas e coentros, de costelinhas com grelos e moura ou de frango de cabidela “pica-no-chão” (25 minutos de confeção). Também se destaca o conjunto de clássicos da cozinha portuense, com as pataniscas de bacalhau e os filetes, quer de pescada fresca quer de polvo, todos com arroz malandro do dia; o bacalhau à Moinho de Vento com cebolada e batata frita; o bacalhau à João do Grão com grão de bico, ovo e batata cozida; e a posta de pescada cozida com todos. São igualmente bons os grelhados, nomeadamente as postas de pescada e de garoupa, o lombo de bacalhau, o costeletão de vaca e os secretos de porco preto.
Além do prato do dia, feito a pensar nos clientes habituais, com preço mais baixo, há outros com dia fixo que são referências para os clientes: segunda-feira, rancho de vitela à moda da Dona Cila e bacalhau dourado; terça, favada à moda da avó Ermelinda e sardinha petinga frita com arroz malandro do dia; quarta, pataniscas de bacalhau com arroz malandro do mesmo, língua estufada com ervilhas à moda da Dona Cila, arroz de polvo malandrinho (no inverno, também rojões à moda do Minho com arroz de sarrabulho); quinta, bolinhos de bacalhau com arroz malandro do dia, tripas à portuense e coelho estufado à moda de Baltar; sexta, fígado de vitela de cebolada, bacalhau à Gomes de Sá, cozido à portuguesa e arroz de bacalhau com amêijoas e coentros; sábado, vitelinha assada no forno, sames de bacalhau com feijocas (no verão, também bife de atum à algarvia). Há cuidado na seleção dos produtos, boa mão nos temperos, acerto nas cozeduras, sem floreados, mas com gosto. Boa doçaria caseira. Garrafeira interessante com várias opções a copo. Serviço dedicado e simpático.
Solar do Moinho de Vento > R. de Sá Noronha, 81, Porto > T. 22 205 1158 / 91 402 1897 > seg-sáb 12h-15h, 19h-22h > €20 (preço médio)