1 – Ourivesaria Luiz Ferreira
A linhagem de ourives é longa e começou com o bisavô de David Ferreira, mas foi o pai, Luiz Ferreira, quem levou a casa mais longe e a tornou mundialmente conhecida inclusive, entre as famílias reais europeias. Principalmente, pelas peças que reproduzem animais, em prata, combinada depois com outros materiais como marfim, madeira e minerais preciosos.
“As pedras chamavam por ele, um amigo costumava dizer-lhe que de um calhau fazia uma joia”, conta David. Em 2012, uma dessas criações foi vendida numa célebre leiloeira de Paris por 140 mil euros. Para além dos colecionadores, muitas famílias do Porto (e não só) mantém-se como clientes fiéis. A loja continua a ostentar as siglas LF e uma águia na fachada negra e no timbre (registado em 1910). David segue a escola do pai, não só na joalharia, mas no cuidado que imprime no arranjo da montra. O funcionamento à porta fechada e as cortinas pesadas mantêm afastados os curiosos. No interior, procuraram recriar o ambiente de uma sala de estar, com peças antigas (só em exposição) a recordar a arte destes ourives, com o tiquetaque do relógio a marcar o compasso. “Antigamente, tínhamos a lareira acesa. Devia ter-me lembrado, só para a fotografia…”, diz David Ferreira.
R. Trindade Coelho, 9, Porto T. 22 205 61 46. Seg-sex 9h30-12h30, 14h30-19h, sáb 10h30-13h
2 – Fátima Mendes
Recorda-se de acompanhar a mãe a Itália, na década de 80, para falarem com representantes da Valentino. “Portugal, nem pensar!”, responderam a Fátima Mendes, mas a empresária não descansou até trazer as criações da casa italiana para as suas lojas. “Tempos depois, pediram-nos desculpa por terem desvalorizado o País”, conta Sofia Mendes. Até hoje, mantém a ligação a essa e outras marcas internacionais, como Céline, Chloé, Christian Dior, Dolce Gabbana, Lanvin, Gucci, Marc Jacobs ou Givenchy. Proprietárias de seis lojas (em Guimarães e no Porto), mãe e filha estão sempre em viagem, para acompanhar as tendências nos desfiles e nas ruas.
“Temos clientes muito conhecedores”, diz Sofia.Para Sofia, o luxo é também “o mundo do sonho e do prazer”.
R. Pedro Homem de Melo, 357/ 359, Avis, Porto T. 22 616 05 55. Seg 15h-19h30, ter-sex 10h-13h, 15h-19h30, sáb 10h-13h, 15h-19h
3 – Rosa & Teixeira
Foi das primeiras lojas a abrir portas no edifício Aviz e contribuíu para que toda a zona fosse associada ao comércio de luxo. Em 1988, a Rosa & Teixeira já era um nome reconhecido em Lisboa, tendo sido fácil estender a sua influência ao Porto. Hoje, é comum aqui reunirem-se várias gerações da mesma família, atraídas pelo serviço cuidadoso. “Já não somos identificados pelos clássicos, temos todo o tipo de linhas e estamos atualizados quanto às tendências”, afirma José António Oliveira, o gerente da loja do Porto. “A marca importante é a Rosa & Teixeira, é ela que justifica a vinda dos clientes, pois sabem que temos o melhor que existe”, justifica. As camisolas de caxemira mais macias, as gravatas de seda suave, os fatos italianos de fino corte, o calçado inglês primoroso. No Porto, a alfaiataria por medida, produzida a partir do ateliê de Lisboa, tem uma procura residual os clientes optam pelos serviços da italiana Canali, através dos quais, a partir de um tamanho base, podem fazer-se correções ajustadas ao corpo. São muito procurados, isso sim, em ocasiões especiais, por causa dos fatos de cerimónia, dos smokings e dos fraques.
Av. da Boavista, 3523, Edifício Aviz, Porto T. 22 610 0885. Seg-sáb 10h-13h, 15h-20h
4 – Fashion Clinic
O rumor da abertura de lojas das grandes marcas internacionais de luxo, na Avenida dos Aliados, é recorrente.
A Fashion Clinic quis antecipar-se e, em março, instalou-se no coração da cidade, no reabilitado Palácio das Cardosas. “A loja da Baixa surgiu por considerarmos que é um ponto estratégico da cidade do Porto, cada vez com maior afluência de turismo”, conta Filipa Pinto Coelho, diretora de comunicação e marketing da Amorim Fashion. Não por acaso, mais de 60% dos clientes são turistas e a oferta tenta corresponder às suas expectativas. Ainda recentemente, um grupo de brasileiros, encantado pelos bons preços das griffes, deixou as prateleiras despidas. Em 2005, a Fashion Clinic abriu a primeira loja no Porto, na zona do Avis, apresentada como uma concept store de luxo, com roupa, malas, sapatos, joias, acessórios, perfumes, velas, cosméticos, CD’s e livros. Uma combinação variada que se mantém agora na do Palácio das Cardosas, embora com linhas menos caras de marcas como a Prada, Givenchy, Tom Ford ou DKNY. Segundo Filipa Pinto Coelho, “as lojas complementam-se, há uma seleção na Baixa que não temos na Boavista”.
Palácio das Cardosas, Pç. da Liberdade, 59, Porto T. 22 766 00 00. Seg-sáb 10h-20h
5 – Boutique Monseo
As criações são normalmente partilhadas entre pai e filha. José Silva, gemólogo certificado, com 32 anos de experiência, seleciona as gemas de excecional qualidade com que Diana trabalha. Tanzanites, águas-marinhas, opalas, ametistas, safiras, rubis ou diamantes, numa mistura exuberante de cores que identifica a Monseo no mercado. “Por trás de cada peça, há um processo de várias horas, que envolve uma equipa de técnicos altamente especializados “, contam. A marca tem apenas dez anos de existência, mas conseguiu afirmar-se no mundo da joalharia de luxo. Para isso, contribuiu a loja principal da Monseo, aberta em 2008, num edifício nobre do Porto, de portas viradas para o rio Douro. A decoração interior imita a volumetria dos diamantes, com paredes e mostruários semelhantes a superfícies lapidadas. “Para o bem e para o mal, a loja mostra claramente qual é o nosso público-alvo.” Embora se encontrem peças por 500 euros, o valor médio ronda os 5 mil euros.
R. do Ouro, 120, Porto T. 225 898 700. Tersáb 10h30-13h30, 15h-19h30
6 – Marcolino Relojoeiro
Dentro de alguns dias, as fotografias da Marcolino Relojoeiro que acompanham este texto estarão desatualizadas. Chegámos à Marcolino Relojoeiro, com fachadas imponentes partilhadas entre as ruas de Santa Catarina e Passos Manuel, justamente quando a loja se prepara para iniciar uma nova etapa.
“Vamos fazer uma remodelação da loja, que vai estar centrada nas gamas altas”, diz Paulo Neves, o atual proprietário. Na verdade, este é um regresso ao passado. Há 30 anos, quando, juntamente com o irmão, adquiriu, pela primeira vez, a Marcolino, esta era apenas uma pequena casa na Rua Passos Manuel, cujas origens remontavam a 1926. Anos depois, Paulo desligou-se da Marcolino, embora se tenha mantido na mesma área de negócio (com a Aquaverdi).
E, há dois meses, quando a Marcolino voltou às suas mãos, decidiu que este seria o nome a encabeçar a rede de lojas de que é proprietário. “Não vejo que seja apenas o lado emocional a comandar, acredito na minha opção de destacar a história da casa, conhecida em toda a cidade.” Longe vão os tempos de menino em que Paulo acompanhava o trabalho do tio relojoeiro e espalhava pela mesa da sala todas as peças de um relógio. “Percebi que, por muitos consertos que fizesse, não conseguia chegar onde queria. Mas foi muito importante, porque fiquei a saber como a máquina funcionava por dentro.” Hoje, representa as principais marcas de luxo suíças, pois a tradição ainda é o que era como Rolex, Jaeger-Le Coultre, Vacheron Constantin ou IWC Schaffhausen. “Temos muitos clientes fieis, principalmente homens, bastante conhecedores.” É para estes colecionadores que querem, no futuro, manter as portas da assistência técnica abertas. “São pessoas que gostam de aprender toda a parte técnica. Já não compram estas máquinas para ver horas, compram distinção e exclusividade.”
R. Santa Catarina, 84, Porto T. 22 200 1606. Seg-sex 9h45-13h, 14h30-19h, sáb 9h45-13h