A Região dos Vinhos Verdes, situada a norte do País, estende-se desde o rio Minho até sul do rio Douro, e representa 15% do total da área vitícola nacional com os seus 21 mil hectares de vinhedos, segundo a CVRVV Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes.
Com nove sub-regiões, algumas das quais associadas aos rios que a atravessam, nomeadamente Ave, Cávado, Lima, Paiva e Sousa, este território distingue-se pelos seus vinhos brancos diversos em que sobressaem alguns varietais a partir das suas castas autóctones: Alvarinho e Loureiro, em primeira instância, a que se seguem Trajadura e Avesso. Os vinhos tintos, em que predomina a casta Vinhão, são sobretudo consumidos regionalmente associados à gastronomia tradicional.
Nesta breve viagem pelos Vinhos Verdes (DOC, Denominação de Origem Controlada) encontramo-nos com alguns daqueles vinhos brancos de uma só casta, além de outros de lote. Optamos apenas por vinhos com indicação da data de colheita.
Aprecie estes brancos a uma temperatura compreendida entre os 9º C e 10º C. A partir do vale fronteiriço do rio Minho, na sub-região Monção-Melgaço, descemos até ao Cávado e ao Douro.
O SOLAR DO ALVARINHO: O RIO MINHO
Monção e Melgaço são as capitais do Alvarinho e o Palácio da Brejoeira, em Monção, a sua magnífica catedral exemplarmente preservada desde o século passado por D. Hermínia Pais. O Palácio da Brejoeira foi o primeiro produtor-engarrafador independente de Alvarinho, com um concorrente de grandes produções ali ao lado: a Adega Cooperativa Regional de Monção.
Palácio da Brejoeira Alvarinho 2013 – ****/***** É o Alvarinho que me surgiu com maior grau alcoólico (13,5%), facto que não prejudicou a sua frescura e frutado de sabores. Enólogo: João Garrido €13,98
Deu La Deu Alvarinho 2013 – **** Um Alvarinho característico e tradicional nos seus 12,5% vol. álcool., com uma boa relação qualidade-preço. Produzido pela Adega Cooperativa Regional de Monção, mantém uma constância de qualidade ao longo dos anos. €5,89
Anselmo Mendes Muros Antigos Alvarinho 2013 – ***** Voltei a provar este vinho e confirmo o que escrevi anteriormente Anselmo Mendes é um reconhecido enólogo e reputado especialista desta casta. O seu Alvarinho fermenta e estagia em pequenos depósitos de inox, o que assegura a sua riqueza aromática e frescura intensa de sabores frutados equilibrados nos seus 12,5% vol. álcool. €8,30
Soalheiro Alvarinho 2013 – ***** Também o enólogo Luís Cerdeira, da Quinta do Soalheiro, em Melgaço, é um profundo conhecedor desta casta. A comprová-lo a consistência de qualidade dos seus vinhos, que este 2013, também com 12,5% vol. álcool., vem confirmar na sua excecionalidade. €8,10
Soalheiro Alvarinho Primeiras Vinhas 2012 – ***** Uma obra-prima da casta Alvarinho com 13% vol. álcool. Enólogo: Luís Cerdeira €15,50
Soalheiro Alvarinho Reserva 2011 – ***** Um Alvarinho fermentado e estagiado em cascos de carvalho francês novos e usados. Em relação a colheitas anteriores surgiu com o frutado e aromas da casta mais evidentes e a madeira mais esbatida. Uma grande harmonia com os seus 13% vol. álcool. Um Alvarinho de guarda. Enólogo: Luís Cerdeira €23
Nobre Colheita Alvarinho 2013 – *** É um vinho de marca branca de uma cadeia de supermercados produzido pelas Quintas de Melgaço. Surge com muito gás (“agulha”) em nome da “tipicidade” tradicional dos Vinhos Verdes. Não tivesse ele tanto gás… e seria um Alvarinho superior. Mesmo assim é bom, tendo em conta o seu preço. €3,98
Via Latina Alvarinho 2013 – *** O Alvarinho da Vercoope, União das Adegas Cooperativas da região, que surge à moda do Minho: na minha opinião, aqui livremente expressa, é-nos proporcionado com gás a mais. Apesar disso é um bom Alvarinho com 12,5% de grau alcoólico. €5,49
Quinta de Louros – **** Não atinge o fulgor dos Alvarinhos anteriores da subregião de Monção-Melgaço. Mas libertando-se do “gás” inicial, este Alvarinho da sub-região do Sousa revela um bom equilíbrio e sabores à casta nos seus 12,5% vol. álcool. €4
VINHOS BRANCOS DA CASTA LOUREIRO NO SOLAR DO RIO CÁVADO
Apreciados alguns Alvarinhos, descemos para o rio Cávado em busca de vinhos brancos elementares da casta Loureiro. Iniciemos este percurso pelo Solar das Bouças.
Solar das Bouças Loureiro 2013 – *** Com uma justa graduação alcoólica (11% vol.), este branco apresenta-se com cor amarela casca de limão, ligeiramente frutado nos aromas e sabores marcados pelo “pico” ou “agulha” que sobressaem. Enólogo: Álvaro van Zeller €4,49
Quinta d’Amares Loureiro 2013 – *** Ainda na sub-região do Cávado nos surge este Loureiro, de viticultura em produção integrada, muito aromático e frutado na boca. Liberta muita “agulha típica” dos vinhos verdes. Enólogo: António Sousa €2,29
Quinta de Tamariz Loureiro Vinho Verde 2013 – ***** Cor amarela palha brilhante, aromas frutados intensos à casta, com sabores igualmente muito frutados a citrinos, intensos e prolongados na boca. Um belo exemplar de Loureiro com 11% vol. álcool., “sem agulha nem pico” relevantes, nascido de viticultura em produção integrada também na sub-região do Cávado. Enólogos: Jorge Pinto e Maria Francisca Vinagre. €3,95
João Portugal Ramos Loureiro 2013 – *** Um dos mais consagrados enólogos nacionais, que começou por se distinguir no Alentejo, é autor deste vinho verde da casta Loureiro vinificado com uvas da subregião de Monção-Melgaço. €4
VINHOS DE BAIÃO
Para concluirmos esta breve prova de vinhos varietais dois brancos da Quinta da Covela, situada em Baião, junto ao rio Douro, na fronteira entre as duas regiões vitivinícolas, a dos Vinhos Verdes e a do Douro/Vinho do Porto.
Covela Arinto 2013 – *** Nos seus 12,5% de grau, surge equilibrado e correto nos aromas e sabores. Enólogo: Rui Cunha €8
Covela Avesso 2013 – **** Um agradável exemplo das virtudes e características da casta Avesso: um vinho seco, frutado quanto baste e equilibrado no seu grau alcoólico: 12,5%. Enólogo: Rui Cunha €8
VINHOS DE LOTE
E concluída a prova pelos vinhos verdes brancos varietais, partimos para os vinhos de lote, iniciando esta rota pela Adega Cooperativa de Monção.
Muralhas de Monção Vinho Verde 2013 – ***/**** As castas Alvarinho e Trajadura proporcionam-nos este vinho verde fresco e frutado, que ao longo de décadas se mantém com um nível de qualidade superior. É uma matriz da Adega Cooperativa de Monção. Grau alcoólico: 12%. €3,50
Portal da Calçada Vinho Verde Reserva 2012 – ***/**** Com uma correta graduação alcoólica (11,5 %), este branco resulta do casamento entre as castas Alvarinho e Loureiro: fresco, frutado e saboroso. €4
Quinta de Lourosa Vinho Verde 2013 – ***** Um branco de inegável qualidade, de um lote perfeito entre a casta Loureiro e o Arinto (conhecida por Pedernã, no Minho). Muito rico aromaticamente, sabores frutados e frescos prolongados e persistentes. Fermentado a temperatura controlada com posterior estágio durante dois meses sobre as borras sujeitas a “bâtonnage”. Dispensava o ligeiro gás que revela, mas após abrir a garrafa não a beba de seguida, e verificará que nos dias seguintes o vinho melhorou significativamente, por ter desaparecido o designado “típico gás” dos verdes. Acertado também no seu grau alcoólico: 10,5%. €4
Terras do Minho Vinho Verde 2013 – *** Produzido pela Quinta da Lixa, em Felgueiras, este vinho nasce de um trio de castas brancas: Trajadura, Arinto e Loureiro. Fresco, com acidez marcada, foi sujeito a “uma ligeira adição de gás carbónico”, conforme reconhece o produtor no contrarrótulo. Com uns adequados 10,5% vol. álcool., bem se dispensava o apêndice gasoso. €2,39
Adega de Ponte da Barca Vinho Verde Escolha 2013 – **** Para descobrir a data de colheita deste branco é necessária uma “lupa”. Está no contrarrótulo, onde também se pode ler “à lupa” que o vinho revela “uma ligeira presença de gás carbónico”, sem que seja explicada a sua origem. Opinião do cronista: sem este gás o vinho seria excecional. Há tradições que não vale a pena manter. E depois de apreciar estes vinte vinhos verdes, ainda mais me convenci de que poderiam ser dos melhores vinhos brancos do mundo. desde que não fossem servidos com “gás carbónico” conforme manda a tradição e a tipicidade reinantes. €2,09
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