Durante a última época de vindimas o Jornal de Notícias trouxe a público a polémica gerada entre e pelos vitivinicultores da sub-região de Melgaço/Monção a propósito da expansão da casta Alvarinho para fora da Região dos Vinhos Verdes. Confesso não ver qualquer vantagem prática com tal preocupação por parte dos produtores minhotos. Seria a mesma coisa que querer impedir encepamentos da Touriga Nacional no Alentejo só porque o Dão é o seu solar de eleição, por exemplo.
A inutilidade do debate no plano interno fica também demonstrada pela expansão da casta na Austrália e na Califórnia, neste caso também com o objetivo dos produtores norte-americanos conquistarem o mercado dos galegos emigrados nos EUA, para quem a Galiza exporta muitos dos seus “Albariños”.
O importante, consintam-me a sugestão, é valorizar o território vitícola e a sua paisagem ao longo do vale do rio Minho, enquadrado do lado português pelas serras de Castro Laboreiro, da Peneda e do Gerês. Depois, e em consequência dessa valorização, importa melhorar a sua viticultura e práticas enológicas na adega para que os vinhos daqueles dois municípios sejam inimitáveis pela sua superior qualidade e caráter distintos.
Os Alvarinhos da Quinta do Soalheiro, de Melgaço, inscrevem-se neste percurso de distinção exemplar ao longo das últimas quatro décadas. Para além da constância da sua elevada qualidade vindima após vindima, conseguiram a partir desta única casta diversificar a sua produção e a correspondente oferta comercial. Os seus três últimos e diferentes Alvarinhos lançados em 2011 confirmam estes desígnios.
Soalheiro Alvarinho 2011 ****/***** – €8,40
A colheita de 2010 pareceu-me mais bem conseguida, mas estamos a discutir pequenos detalhes. Com aromas e sabores correspondentes à casta, surge muito frutado e com boa frescura na boca.
Soalheiro Alvarinho Primeiras Vinhas ****/***** – €14,50
Um clássico: vinho tão harmonioso quanto sóbrio nos aromas e profundo nos sabores. Deve envelhecer bem.
Soalheiro Alvarinho Reserva 2010 ***** – €23
Um Alvarinho fermentado e estagiado em cascos de carvalho francês. Em relação a colheitas anteriores surgiu com o frutado e aromas da casta mais evidentes e a madeira mais esbatida. Uma grande harmonia.