Os vinhedos e as romãzeiras estendem-se encosta abaixo aos pés do vulcão da ilha do Fogo, na República de Cabo Verde. Chã de Caldeiras, assim se designa este território constituído por solos de lava vulcânica negra como o basalto, surge-nos aos olhos como um jardim protegido pela imponência do vulcão. A povoação homónima agrega pouco mais de mil habitantes, que vivem fundamentalmente da agricultura.
A vinha como a romãzeira e outras árvores de fruto de origem mediterrânica foram aqui introduzidas pelos portugueses, refere Orlando Ribeiro na sua obra A ilha do Fogo e as suas erupções (1954). Depois da independência a vinha, plantada entre os 1 700 e os 2 000 metros de altitude, mereceu particular atenção, sendo hoje o vinho do Fogo, branco, rosé e tinto, comercializado em todas as ilhas.
A cooperação europeia e italiana dão apoio a estes viticultores cabo-verdianos, que se organizaram em cooperativa com adega própria para uma produção média total de 80 mil garrafas/ano. A enologia é italiana, graças a uma ONG, que colocou técnicos no terreno e modernizou o perfil dos vinhos. O branco e o rosé podem acompanhar pratos do excelente peixe de Cabo Verde (esmoregal, garoupa, bicuda, bica, peixe serra, atum, salmonetes, moreia ou mariscos, como lagosta e búzios, entre outros). Quanto ao tinto surge em boa forma para acompanhar o prato nacional cabo-verdiano: a cachupa. Vamos à prova:
Chã Vinho do Fogo Branco 2011 **** (€7)
De cor amarela palha este vinho branco é vinificado a partir de uvas da casta Moscatel. Falta-lhe acidez para ser mais equilibrado, pelo que sobressai a doçura das uvas e o seu grau alcoólico (14% vol.). É o vinho com maior sucesso entre os consumidores locais.
Chã Vinho do Fogo Rosé 2011****/***** (€7)
Um rosé de grande qualidade, de cor de morango, com intensa frescura e sabores frutados, apesar dos seus 14% vol. álcool.
Chã Vinho do Fogo Tinto 2010 ***** (€7)
(Excepcional) Uma agradável surpresa: retinto, encorpado, vinoso, aveludado, um tinto maior para acompanhar uma cachupa rica. Há muito vinho tinto pela Europa que não atinge este grau de qualidade. Os 14% vol. álcool. contribuem também para o harmonioso deste tinto que deve ser bebido enquanto jovem. Está, pois, de parabéns a Cooperativa dos Viticultores de Chã de Caldeiras que produz e engarrafa estes vinhos nascidos da lava do vulcão do Fogo.