O aviso colocado à entrada: “Cuidado, cão perigoso…” começa por intimidar quem entra. Mas, depois de conhecermos o enorme mas pachorrento Mondego – que já se chamou Caramulo -percebemos que o tal aviso não será para ser levado a sério. Já que, ao longo da visita, guiada pela enóloga Cecília Martins, o cão raça Serra da Estrela nos acabará por acompanhar sem causar receios.
São muitos os turistas que visitam, ao longo do ano mas especialmente nesta época pós-vindimas em que o vinho repousa nas pipas, esta secular Casa de Santar, datada do século XVII e uma das principais responsáveis pela projeção do vinho do Dão. Na família há 13 gerações, a Casa ainda é residência oficial da Condessa de Santar, ou Maria Teresa Lancastre de Melo, prestes a fazer 83 anos. Daí que nem todos os espaços sejam, por isso, visitáveis.
Logo à entrada, encontramos um enorme painel de azulejos do espanhol Gabriel del Barco, ladeado pelos sumptuosos jardins estilo francês, considerados dos mais belos exemplares da Península Ibérica. A cozinha antiga é um dos primeiros espaços a visitar. “Ainda é usada na Páscoa, há a tradição de juntar aqui toda a família durante a semana santa e de fazer uns assados no forno a lenha “, conta a enóloga apontando para várias panelas em latão que ainda são usadas. Uma particularidade é a existência de uma fonte de água potável no interior da cozinha, dedicada a Santo António.
“Dizem que quem beber desta água tem bom casamento.”, asseguram. Seguimos para a visita à capela dedicada a S. Francisco de Assis, cujas portas se abrem para o exterior apenas no dia de festa da vila. A visita prossegue até às antigas cavalariças, atualmente Sala dos Coches, onde, entre várias carruagens antigas, se conta uma liteira (ou cadeira portátil) do século XVII, pintada e ornamentada a ouro.
A entrada nos jardins é acompanhada pelo correr das águas do lago povoado de nenúfares. Percorremos o corredor das camélias (centenárias), passamos pelas magnólias, azevinhos, roseiras com as cores do brasão da família.
Ao fundo, uma pequena horta deu lugar, há meses, a uma vindima com castas de Touriga Nacional e Alfrocheiro Preto, pensada para mostrar aos mais novos “como as uvas dão origem ao vinho”. O caminho guia-nos em direção a um imenso lago verde de três metros de profundidade, observado pela romântica Fonte dos Amores.
Antes de partirmos para visitar a adega, propriedade da Sociedade Agrícola de Santar, observamos a Fonte dos Cavalos (de 1790) onde sobressai a imagem do primeiro conde de Santar. E imaginamos como a vida era, de certa forma, peculiar há séculos atrás.
TOME NOTA
À saída, passe pela loja Santar Gourmet. Além de diferentes néctares, há compotas, chás e mel da região.
CASA DE SANTAR
Av. Viscondessa de Taveiro, Santar, Nelas
T. 232 942 937
Ter-Sáb 11h, 15h
(poderá incluir uma prova de vinhos e queijos)
€5