Viajar no tempo com tempo para parar, sentir, olhar e iludir conceitos, experimentar outras vias de reflexão, fora da caixa de um quotidiano monopolizador da disponibilidade individual. Olha-se à volta e há muito para ver e desejar. Esta bienal propõe o outro lado dessa realidade do consumo imediato, simplificado e, para uma imensa minoria, inconsequente.
A possibilidade de consequências chega através de conferências, exposições, filmes, conversas, ações, reflexões com muitas personalidades envolvidas, de diferentes setores sociais e artísticos, vindas de todas as partes do globo. Sobre o útil e o supérfluo e toda uma gama de conceitos e o seu contrário poderiam agora ser mencionados, para abordar a temática da Experimenta Design Lisboa (EXD11 Lisboa). Useless é o tema da sexta edição, a viver em Lisboa até 27 de novembro. Em época de crise do pensamento e da ação, atitudes invulgares chamam novas realidades.
EXPOSIÇÕES
São quatro e o primeiro destaque é para a homenagem a Fernando Brízio, no antigo Convento da Trindade. É a primeira retrospetiva sobre a obra de um dos nomes mais falados do design de produto em Portugal. Outras três exposições propõem mais realidades. Uma delas, com o nome do tema da bienal, arrisca questionar a economia de mercado e o efeito provocado na definição de noções como utilidade e rentabilidade da máquina produtiva. Patente no Museu do Design e da Moda. Em sete moradas espalhadas pela cidade, vivem-se diferentes prazeres no ato de colecionar e, na Fundação Arpad Szenes Vieira da Silva, a arquitetura no palco para provocar interrogações sobre as infraestruturas enquanto materialização de discursos políticos, sociais, económicos e ideológicos.
NA RUA
Cinco estúdios de design criam intervenções urbanas site specific. Os criadores convidados trazem propostas da Coreia do Sul, Holanda, França, Reino Unido e Portugal. Escala, volume, vazio, cheio, decoração e arquitetura: noções para respirar na Praça da Figueira, até ao final da bienal a 27 de novembro. O desafio é sentir idiossincrasias numa capital do mundo chamada Lisboa.
IDADE MAIOR
A EXD, preocupada com o envelhecimento da população, apresenta ideias de um laboratório criativo a decorrer entre Lisboa e Londres. Action for Age (na Fundação Calouste Gulbenkian), ou a procura de linguagens para fomentar a reciprocidade, a coesão social e o envolvimento entre diversas gerações. Tudo a pensar na realidade presente nas sociedades ocidentais: o envelhecimento generalizado da população.
ECONOMIA CRIATIVA
O simpósio, marcado para o antigo Tribunal da Boa Hora dias 13 e 14 de outubro, reúne participantes que chegam do Brasil, do Reino Unido e do país anfitrião Portugal. Em debates, apresentações e workshops, oportunidade para conhecer diálogos a pôr em prática nas sociedades do futuro. Economia criativa é conceito de presente com futuro, como se vai provar nos discursos a decorrer nestas duas sessões.
HORAS COM FUTURO
O antigo Tribunal da Boa Hora é o epicentro da EXD 11 Lisboa. Energia e criatividade enchem um espaço com memórias históricas de muitos anos de crimes, vidas desfeitas e reconstruídas. Passar por lá é receber banhos de criatividade nas conversas, nos encontros imprevistos e na disponibilidade para viver presentes e futuros com outras lógicas de pensamento urbano, social e político. O património gráfico da ModaLisboa (a cumprir 20 anos de existência) ocupa um dos espaços do edifício: Retro/Future foi organizada por Eduarda Abbondanza e Francisco Rocha.
OS MAIS JOVENS
Não são esquecidas as crianças e os jovens. O serviço educativo da EXD 11 Lisboa está reforçado, para fidelizar novos públicos. Marcados estão 14 workshops, seis visitas guiadas, 18 oficinas, oito conversas e um fórum, dirigidos aos estudantes do ensino básico, universitário e profissional. Informações através da morada edu@experimentadesign.pt.
CONVERSAS NO CINEMA
Na Avenida da Liberdade, o Cinema São Jorge vai receber teólogos, designers de ambiente, de produtos e interiores, gente ligada à produção de moda e à criação gráfica. O luxo, a simplicidade, o belo e o prático são tema nas conferências de Lisboa deste ano. Quintas, sextas e sábados são os dias para as conversas, que arrancam às três ou às quatro da tarde. No sítio internet da Bienal todos os pormenores (www.experimentadesign.pt).
FILMES VS. DESIGN
A Cinemateca Portuguesa entra na festa e quem selecionou os filmes foi Ricardo Matos Cabo. O programa detalhado, disponível no sítio internet da EXD. Mas há tempo: só arranca em novembro.
O SENHOR ANDERSON
Ian Anderson é designer gráfico e trabalha há vários anos com a EXD Lisboa. Foi quem escolheu o tema da bienal e criou toda a imagem a ela associada. Tem 50 anos. É o pai da imagem que se associa à música eletrónica. Nasceu no Sul de Londres e, em Sheffield, definiu a linguagem gráfica da música eletrónica nos anos noventa. Lisboa já é cidade no coração do diretor criativo do Departamento de Comunicação da EXD.