Volta e meia, recebia um telefonema: “Aconselhame um sítio para jantar.” Os amigos sabiam que podiam contar com as dicas de Diana Vinha para encontrar um lugar à medida. Agora, a consultora de imagem não deixou o seu papel de conselheira.
“Só que tenho uma opinião mais pública, direcionada para este projeto.” Estamos a falar da MoveOporto, uma das aplicações (apps) para dispositivos móveis que, nos últimos tempos, foram criadas para ajudar a descobrir o Porto. Guias originais, prontos para descarregar no telemóvel, ao alcance do dedo.
Cada um, com as suas particularidades. Na MoveOporto, procuram fugir aos circuitos tradicionais. Já o Farol City Guide constitui a aplicação oficial do turismo do Porto, com informações sobre todos os monumentos e museus. No caso do Around Porto, pretende dar dicas para uma noite bem passada. Para já, todos estão disponíveis gratuitamente.
Descarregáveis na appstore do iTunes ou no Android Market, cumulativamente ou não. Em comum, têm ainda o facto de terem sido criados por pessoas nascidas ou residentes no Porto. “Somos jovens, vivemos a cidade, conhecemos os locais e isso faz toda a diferença neste produtos”, diz Susy Vasconcelos, uma das sócias da Around Knowledge, a empresa responsável pelo Around Porto.
De telemóvel em punho smartphone, aliás, que possui funcionalidades mais avançadas, os utilizadores acedem às informações sobre os espaços que os rodeiam, podendo selecionar os pontos de interesse ou ver a distância a que estão de outros locais. Um mapa ajuda-os a traçar a rota. Depois, basta fazerem-se ao caminho.
ALTERNATIVO Q.B.
Numa visita a Berlim, o programador informático Sérgio Oliveira descobriu o “maravilhoso” mundo das aplicações móveis. Não conhecia a cidade, nem tinha amigos para o conduzir por alguns dos locais alternativos, aos quais só os berlinenses costumam aceder. Uma app descarregada no iPhone revelou-se uma arma preciosa nesta visita, chamando-lhe a atenção para lojas, galerias e afins.
De regresso ao Porto, contactou as suas “comparsas” Rita Roque, Diana e Marlene Vinha e propôs-lhes fazer algo similar.
Funcionariam como insiders e iriam calcorrear a cidade em busca daqueles lugares com algo diferente a oferecer.
“Os outros guias têm a Casa da Música, nós queremos divulgar o underground, o menos conhecido. Mas não ficamos agarrados ao alternativo”, diz Sérgio. Começaram pelo trabalho de campo, a bater de porta em porta, pedindo aos proprietários dos espaços para fornecerem toda a informação são eles os responsáveis pelos conteúdos, sem qualquer custo associado. “A primeira ronda foi difícil. Muitos nem percebiam a linguagem destas novas tecnologias. E estávamos a vender uma ideia, ainda não tínhamos um produto para apresentar”, conta Marlene.
Sérgio trabalhou como um híbrido de programador/ designer, dando à aplicação uma imagem atraente, com muitas fotografias. “No meu trabalho não tenho possibilidade de explorar a criatividade e aplicar novas ideias. Este projeto foi um tubo de ensaio, deu-me muito gozo.” Noites e fins de semana foram gastos neste processo, até ao lançamento da aplicação, em abril.
O MoveOporto revelou-se um sucesso imediato, com 17 mil downloads, e a desconfiança inicial deu lugar a agradecimentos. “Todas as semanas recebemos pedidos para entrar na aplicação.” A seleção passa pelo crivo dos insiders. Divididos por categorias restaurantes, alojamento, café e companhia, shopping, noite, cultura e vários, os spots são escolhidos “quando têm algo único a oferecer, seja um atendimento simpático ou uma decoração especial”. Na secção Buzz, fazem ainda a divulgação de eventos. Os utilizadores acedem à informação básica sobre os spots descrição do espaço, horários, preços, etc. e podem, inclusive, partilhá-la com amigos por correio eletrónico: “Vamos tomar café aqui?” Após o boom inicial de descarregamentos por portugueses, neste verão foram os turistas estrangeiros os que mais acederam ao MoveOporto a aplicação está disponível em inglês e português.
“São os turistas que estão a ensinar os nacionais a encontrarem ferramentas mais rápidas para gozarem a sua cidade”, conclui Sérgio.
À LUZ DO FAROL
Para Bruno Fernandes, a média dimensão da Invicta era a ideal para apresentar uma nova solução móvel para o turismo, que tem como alvo homens de negócios ou visitantes de curta duração, com pouco tempo disponível para planearem e percorrerem a cidade. Este é o mercado para o qual está vocacionada a Farol City Guide, criada pela LatitudeN, empresa sediada na Alemanha, onde Bruno vive desde 2007. Quando soube que a Câmara Municipal do Porto estava a desenvolver um portal turístico, avançou com a proposta: “Nós trazíamos a tecnologia e eles disponibilizavam os conteúdos, sem trocarmos qualquer valor monetário.” Acabaram como a aplicação oficial da autarquia, em complemento ao site www.visitporto.travel.
“Somos a única aplicação que se personaliza e adapta ao utilizador, as outras são meras bases de dados”, sustenta Bruno. De acordo com o tempo disponível e os gostos definidos, o Farol traça uma série de sugestões. Pode indicar um monumento a não perder, o transporte a utilizar ou o restaurante a reservar, entre outras facilidades.
Para já, apenas acessível em inglês e para telemóveis com sistema android. Mas a aplicação continua em desenvolvimento e, no primeiro semestre de 2012, deverá estar disponível para iPhone. Brevemente, passará a ser cobrada.
“O preço será inferior a um maço de tabaco.” Lançado em agosto, o feedback do Farol “tem sido muito positivo”. “Já tive propostas, em Portugal, para desenvolver novas aplicações.” Um regresso ao Porto cidade onde Bruno nasceu e foi criado está a ser, por isso, ponderado.
À DESCOBERTA DA NOITE
Graças ao Around Porto, também a jovem equipa da empresa Around Knowledge, ganhou muitos outros projetos brevemente, por exemplo, irão lançar uma aplicação sobre Matosinhos, encomendada pela autarquia. “Estamos a fazer portfólio nesta área das aplicações móveis”, conta Suzy Vasconcelos.
Esta propunha algo muito simples: dar indicações aos utilizadores sobre o que mexe na noite do Porto. “Mais copos e música”, esclarece Roberto Di Cera, outro dos sócios.
Mal se abre a app, surgem os vários eventos agendados para aquele dia, com descrição, local, mapa, custos associados e outras informações relevantes.
Também é possível fazer consultas por locais, divididos por zonas: Asprela, Baixa, Foz, Ribeira e zona industrial. Ou apontar com o telemóvel para um estabelecimento inserido na base de dados, aparecendo no visor uma janela com a indicação das atividades marcadas. Outras funcionalidades, como o Shake me abanando o telemóvel, aparece um evento ao calhas dão um toque engraçado à aplicação.
Nos últimos seis meses, tiveram cerca de 1 900 utilizadores ativos. Muitos aderiram à aplicação quando ainda se chamava DowntownPorto e estava associada a um site. “Propusemos esta parceria ao site que, entretanto, fechou no início deste mês. Mas quisemos continuar e agora somos nós a fazer a recolha da informação e a atualizá-la.” Gratuitamente, tanto para iPhone como telemóveis com sistema android. “Gostamos da nossa cidade e este é um bom cartão-de-visita.”
MOVEOPORTO
iPhone
17 mil downloads
Lançado em abril de 2011
Gratuita
AROUND PORTO
iPhone e Android
4000 downloads
Lançada no verão de 2010
Gratuita
FAROL CITY GUIDE
Android
500 downloads
Gratuita até meados de outubro Lançada em Agosto de 2011
OUTRAS APLICAÇÕES
iMetroPorto
Gratuitamente, todas as informações, em inglês e português, sobre a rede de transportes da Invicta (iPhone e Android)
Porto street map
Mapas detalhados de toda a cidade (iPhone) Porto Walking Tours and Maps: em inglês, várias rotas para percorrer a pé (iPhone)
Going Out Porto
Lista de eventos e espetáculos a decorrer (iPhone)
Serralves
Informações gratuitas sobre a fundação, o museu, as exposições e os eventos do momento (Android e iPhone)