Utiliza-se o termo Tromboembolismo Venoso de forma “genérica”, precisa Ana Gomes, especialista em Medicina Interna no Hospital Garcia de Orta, em Almada, já que existem duas entidades diferentes. Atrombose venosa profunda acontece nas pernas e a embolia pulmonar, como o nome indica, nos pulmões.
“A trombose venosa profunda, em que se formam coágulos, geralmente nas pernas, nas veis mais profundas do corpo; depois, alguns destes coágulos podem libertar-se e viajar, através da corrente sanguínea, indo parar ao local onde o calibre das veias é mais pequeno, os pulmões, interrompendo a circulação e causando uma embolia pulmonar, que é a forma mais grave.” Neste último caso, pode “ser fatal”. O sangue deixa de circular devido à obstrução provocada pelo coágulo.
O tromboembolismo venoso é a terceira causa de morte cardiovascular, a seguir ao AVC e ao enfarte do miocárdio.
A população em geral “não está consciente”, nota a médica, da existência e da gravidade desta doença que pode provocar a morte, sobretudo porque é uma “morte mais silenciosa”, não tem “uma apresentação clínica que seja tão “paradigmática” como “acontece com o AVC”, por exemplo: “As pessoas identificam logo e vão ao hospital”. Por isso, diz, “temos insistido” em falar da doença para aumentar a consciencialização da população.
Os sinais e sintomas mais frequentes são “ter uma das pernas inchada”, no caso da Trombose Venosa Profunda. “Há uma assimetrias que afeta muito a zona da barriga da perna, que fica mais endurecida e mais dorida.” No caso da Embolia Pulmonar, “depende da extensão”, explica, ou seja a quantidade de coágulos que chegam aos pulmões. “Pode causar dor no peito, como acontece nos ataques de coração, e falta de ar súbita. Mas, também, pode acontecer uma falta de ar que se vai instalando progressivamente, havendo dor quando se inspira profundamente.”
É uma doença, por vezes, silenciosa. Se há casos de embolia pulmonar associada a trombose venosa profunda nas pernas, em outras situações isso não acontece.
Nas pernas, devemos estar alerta ao inchaço, no caso da embolia pulmonar a falta de ar e a dor no peito de forma inexplicada é sinal para procurar ajuda médica.
O histórico familiar é um dos fatores de risco, mas a maioria vem, sobretudo, das operações cirúrgicas ortopédicas, “que têm um grau de risco trombólico”, e, além disso, “os internamentos de um modo geral”, porque aumentam o risco de trombose devido à imobilização do doente na cama. “Até 60% do total de casos” de Tromboembolismo Venoso têm relação com o internamento hospitalar, sendo a principal causa de morte hospitalar prevenível.
A obesidade, devido à imobilização do corpo, são pessoas que andam pouco, é, também, um risco porque o “sangue está parado”.
O tratamento para a doença pode diferir, mas é feito, habitualmente, com medicamentos que dissolvem os coágulos sanguíneos e previnem o seu aparecimento, os anticoagulantes.
Uma das situações quotidianas que podem provocar trombos nas pernas são as viagens de avião prolongadas, com “duração superior a quatro horas”. Nestes casos, a especialista aconselha a que se beba água, se evitem as bebidas álcoolicas, e que se levante da cadeira e dê alguns passos no corredor do avião. “Mesmo no próprio lugar pode ir fazendo alguns exercícios, como levantar e baixar as pernas.”