Um novo estudo, desenvolvido por uma equipa internacional de investigadores que analisou dados sobre saúde de mais de 5 mil adultos, metade do sexo masculino e a outra metade do sexo feminino, concluiu que pessoas que não dormem o suficiente durante a noite são mais propensas a ter mais barriga.
O estudo, publicado na revista Sleep Medicine, serviu-se de dados de duas investigações realizadas nos EUA, em 2011–2012 e 2013–2014, com os investigadores a utilizarem imagens de raio-X para calcularem as percentagens de gordura localizada, incluindo a visceral dos voluntários, com idade média de 37 anos, que também responderam a questionários relativamente ao seu tempo de sono diário, numa escala de 1 a 12 ( o 1 indicava apenas uma hora de sono e o 12 significava pelo menos 12 horas de sono)
Depois da análise dos inquéritos, a equipa deu conta de que, em média, o tempo de sono dos participantes era de pouco menos de sete horas e referiu que, tendo como horas ideais de sono entre sete e oito horas, cada hora a menos foi associada a um aumento geral de cerca de 12 gramas de gordura visceral.
Este tipo de gordura é aquele que se acumula na cavidade abdominal, entre os vários órgãos que situam aí, como o estômago, fígado e pâncreas, sendo mais comum em corpos com formato de maçã. Em excesso, é o tipo de gordura mais perigoso para a saúde, aumentando o risco de enfarte do miocárdio, doença cardíaca e de Acidente Vascular Cerebral (AVC), por exemplo.
Os cientistas justificam os resultados do estudo referindo que dormir pouco leva a uma regulação anormal da atividade em diferentes partes do cérebro que afetam os centros de recompensa ligados ao sono e apetite, o que pode explicar a ligação entre a privação do sono e o armazenamento de gordura visceral.
Além disso, investigadores também sugerem que dormir insuficientemente leva a uma resistência à insulina, que pode estar ligada ao alto teor de gordura visceral – a gordura visceral provoca um aumento dos níveis de açúcar no sangue, a glicose.
A equipa esclarece ainda que a privação do sono pode provocar a diminuição simultânea da leptina, hormona que reduz o apetite, e um aumento da grelina, conhecida como “hormona da fome”, que sinaliza ao cérebro que é hora de comer. Também faz com que a chamada hipocretina, neurotransmissor que regula a excitação, vigília e apetite, fique descontrolada, o que, de acordo com os investigadores, pode justificar a maior ingestão calórica e o subsequente ganho de peso como resultado da restrição do sono.
“O nosso estudo acrescenta evidências emergentes que sugerem uma ligação proeminente entre privação de sono e ganho de peso, o que pode ser clinicamente significativo”, afirma, citado pelo Daily Mail, Panagiotis Giannos, um dos autores da investigação.