Os possíveis benefícios da luz verde para a saúde têm vindo a ser estudados há vários anos – em 2021, por exemplo, investigadores que avaliaram os efeitos da exposição à luz verde em pessoas com enxaqueca perceberam que essa exposição diminuiu, em média, quase 13 dias de dor por mês em doentes com enxaqueca crónica e ajudou na redução da intensidade e duração da dor.
Um ensaio clínico de 2021 também demonstrou que algumas horas por dia de terapia com luz verde foram capazes de reduzir a intensidade da dor num grupo de doentes com fibromialgia, ainda que esse grupo tenha sido pequeno.
Agora, uma equipa da Universidade Fudan, em Xangai, na China, reforça esta teoria, ao concluir, num estudo publicado na Science Translational Medicine, que a luz verde pode, de facto, ajudar a aliviar a dor.
Os investigadores fizeram experiências laboratoriais (com sessões de oito horas de terapia com luz verde) com camundongos saudáveis e com inflamações nas articulações, envolvendo as células oculares que detetam a luz (cones e bastonetes) e as vias cerebrais que “trabalham” após a exposição à luz verde e que proporcionam, consequentemente, essa redução da dor.
Foram os cones, incumbidos pela tarefa de proporcionar visão precisa, central e detalhada e pela visão a cores, e os bastonetes, responsáveis pela visão periférica e noturna, que permitiram a sensação de alívio da dor a partir da luz verde, explicam os investigadores.
Para chegarem a esta descoberta, a equipa de investigadores inativou algumas células com o objetivo de analisar o efeito que esse adormecimento teria em relação à sensação de dor dos ratos. Quando os investigadores inativaram os bastonetes, os animais revelaram apenas um alívio parcial com luz verde; já os ratos em que foram inativados os cones não mostraram quaisquer sinais de alívio da dor.
Depois disso, a equipa decidiu analisar o funcionamento dos sinais elétricos dos olhos através do cérebro, concluindo que, com a luz verde, os cones e bastonetes foram os responsáveis pela estimulação de um grupo de células cerebrais no corpo (núcleo) geniculado lateral, que transmite os impulsos visuais e já tinha sido associado a um efeito analgésico, num estudo publicado este ano. Nesta parte do cérebro, estes neurónios exprimiram uma hormona relacionada com a sinalização da dor e a mensagem foi transmitida para a parte do cérebro que gere a dor, diminuindo-a.
A equipa, liderada por Yulong Tang, refere que “embora não seja claro se a perceção da cor é comparável entre humanos e roedores”, sabe-se que “a exposição à luz verde tanto em humanos como em roedores reduz a sensibilidade à dor, sugerindo o envolvimento de mecanismos partilhados entre as duas espécies”.
De acordo com os investigadores, esta pode ser uma maneira “simples, segura e económica” de aliviar a dor, mas é impossível que os humanos sejam expostos a este tipo de luz durante 8 horas seguidas. É necessário, por isso, realizar estudos que permitam perceber se períodos mais curtos de exposição à luz verde podem ser eficazes no alívio da dor.