Podem parecer uma parte fútil do corpo humano, mas são, na realidade, muito importantes. “As unhas, além da sua função fundamentalmente mecânica (na proteção e estabilização da extremidade dos dedos e na potenciação da sensibilidade tátil), são uma importante fonte de informação relativamente ao estado de saúde do indivíduo”, garante Pedro Andrade, dermatologista da clínica CUF São João da Madeira. Explicando que “são placas inertes constituídas, essencialmente, por filamentos proteicos de queratina, organizados de forma compacta, que recobrem a extremidade dos dedos das mãos e dos pés”, o médico lembra que as unhas integram um conjunto de estruturas diferenciadas designado por “aparelho ungueal”. Veja as explicações do médico Pedro Andrade e aprenda a identificar as “pistas” dadas pelas unhas.
Alterações da forma
A acentuação da convexidade da superfície das unhas
Neste caso, e em particular quando há extremidades digitais alargadas (os chamados “dedos em baqueta de tambor”), pode ser um marcador de doença cardiovascular ou broncopulmonar e, menos frequentemente, de doenças inflamatórias/infecciosas crónicas ou hormonais.
Forma côncava
Pode significar défice de ferro.
Sulcos horizontais ao longo da superfície das unhas
Traduz, geralmente, uma suspensão temporária do crescimento da unha e pode ser consequência de quadros infecciosos (como a síndrome mãos-pés-boca, frequente nas crianças) ou de terapêuticas sistémicas agressivas, como a quimioterapia.
Alteração da cor
Uma unha pálida
Pode ser indicador de vários problemas, como anemia, doença do fígado e má nutrição, mas pode também ser sinal de insuficiência cardíaca.
Tonalidade azulada ou violácea generalizada
Pode ser indicador de baixa oxigenação, devido a doenças pulmonares ou a problemas de circulação sanguínea.
Uma tonalidade amarela difusa
Este tom em todas as unhas que apresentem um crescimento muito lento e ausência de cutícula pode corresponder à designada “síndrome das unhas amarelas”, muitas vezes associada a doença broncopulmonar.
Manchas amarelas ou brancas
Estas manchas, em especial se a distribuição for irregular e associada a um espessamento e a uma fragmentação da unha, podem ser originadas por uma infeção fúngica (micose).
Manchas focais azuladas ou esverdeadas
Pode indicar infeção bacteriana local e é frequente em indivíduos com atividade manual regular em ambientes húmidos, como é o caso de cozinheiros ou floristas.
Pequenos pontos ou linhas brancas
Estes têm, geralmente, de origem traumática e são comuns em crianças que roem as unhas ou em mulheres que costumam fazem manicure. Excecionalmente, podem também ser resultado de deficiências nutricionais, doenças metabólicas ou sistémicas.
Alguns medicamentos podem induzir alterações importantes na coloração das unhas, Entre os medicamentos que causarão estas alterações, estão os do grupo dos antibióticos, dos antivíricos e dos fármacos utilizados na quimioterapia.
Fragilidade
Unhas quebradiças
Em idades jovens, poderão indiciar, por exemplo, a existência de carências vitamínicas, distúrbios da tiroide ou uso abusivo de vernizes ou de unhas de gel.
Doenças de pele
Veja os problemas que causam alterações nas unhas
Psoríase
Origina alterações nas unhas, muito características em cerca de 30% dos casos, com descolamento da porção terminal da unha (onicólise), descamação subungueal, aspeto “picotado” da superfície da unha (pitting) e manchas de tonalidade acastanhada (designadas por “manchas de óleo”).
Líquen plano
Uma doença inflamatória, de causa desconhecida, que afeta a pele, mucosas, unhas e cabelos. Origina estrias longitudinais convergentes nas unhas, por vezes com deformidades cicatriciais.
Alopécia areata
Designada comummente como “pelada”, caracteriza-se pela ocorrência de falhas capilares, com formato arredondado ou oval. Esta doença pode manifestar-se por meio de alterações nas unhas, nomeadamente pequenas depressões ou rugosidade.
Melanoma
Riscas pretas ou castanho-escuras nas unhas podem revelar a presença de um melanoma, o tipo de cancro de pele mais perigoso. Perante esta alteração, é aconselhável solicitar a observação de um dermatologista com a maior brevidade possível.
Doenças autoimunes
Em alguns casos, a observação microscópica direta das unhas e da pele circundante (capilaroscopia) pode ser uma ferramenta valiosa para o diagnóstico e a monitorização de múltiplas doenças autoimunes, como a esclerose sistémica, o lúpus eritematoso sistémico ou a dermatomiosite (uma doença muscular inflamatória).