O consumo de cafeína é cada vez mais popular entre os jovens, sendo a substância psicoestimulante mais consumida no mundo. Atua antagonizando os recetores de adenosina e potencializando a neurotransmissão dopaminérgica, produzindo uma sensação de bem-estar, um aumento da concentração e do estado de alerta. Em doses moderadas, parece melhorar a capacidade mental e sensorial, com melhor performance cognitiva, maior capacidade de reação e melhor desempenho em atividades físicas.
No entanto, sendo a cafeína uma substância muito presente no nosso quotidiano, o risco de se consumir uma quantidade excessiva é real, podendo levar a efeitos sistémicos, à tolerância, à dependência e à intoxicação. Em populações mais vulneráveis e suscetíveis, nomeadamente em crianças e adolescentes, este risco é maior e deve-se estar atento.
O excesso de cafeína pode ter efeitos negativos, nomeadamente na privação de sono (insónia), alterações do humor, sensação de agitação, inquietude, ansiedade, irritabilidade, perturbações gastrointestinais, dores de cabeça, alterações da frequência cardíaca e da tensão arterial.
Muitos adolescentes consomem café à tarde ou à noite, para diminuir temporariamente a sonolência e aumentar o estado de alerta, seja com o objetivo de maior diversão seja para melhorar o rendimento nos estudos. Os problemas de sono são frequentes nesta faixa etária e estão relacionados com a preferência por atividades noturnas, com o uso de meios digitais e com as próprias alterações hormonais da idade, que alteram os ritmos circadianos. Sabe-se que o consumo de café tem efeitos negativos no sono noturno (aumenta o tempo de latência e conduz a um sono fragmentado, menos eficiente e de menor duração), uma vez que tem uma semivida de cerca de seis horas. No entanto, nunca é demais enfatizar que o sono tem um papel primordial na saúde física e mental do adolescente e que não deve ser negligenciado.
Não podemos esquecer que, além do café, muitos outros alimentos e bebidas têm cafeína (por exemplo, refrigerantes com cola ou guaraná, teína do chá-preto ou verde, chocolate…) e que o teor de cafeína encontrado nestes produtos é muito variável. É frequente os pais impedirem os filhos de beber uma chávena de café, mas permitirem a ingestão de um ou mais refrigerantes com cafeína… No entanto, estas bebidas frequentemente têm excesso de açúcar e um alto teor calórico, sendo prejudiciais à saúde. A existência no mercado de bebidas energéticas com doses altas de cafeína, que estimulam o sistema nervoso e cardiovascular, torna o problema ainda mais grave. Os jovens consomem estas bebidas socialmente, em momentos de lazer, mas também com o objetivo de obterem uma melhor performance e um maior desempenho em atividades intelectuais ou físicas. Mais preocupante ainda é a associação destas bebidas ao álcool, por vezes com resultados fatais. Os adolescentes devem ser alertados para o facto de o café não ser um substituto do sono e não anular os efeitos do álcool!
O café pode ser consumido por adolescentes saudáveis, de uma forma moderada, beneficiando de todas as suas vantagens. Controla o défice de atenção e melhora o rendimento escolar, sem efeitos secundários, se o consumo for controlado, de acordo com a suscetibilidade individual.
Como em tudo na vida, a moderação é um princípio fundamental!