Nos últimos anos, surgiram vários rumores de que os desodorizantes e os antitranspirantes poderiam causar cancro, mais especificamente cancro da mama. Esse raciocínio ocorre pelo facto de mais de 50% dos cancros da mama acontecerem perto da axila.
A verdade é que as nossas axilas têm desde glândulas sudoríparas a bactérias, o que acaba por provocar alguns odores, daí serem utilizados vários produtos de higiene para combater o mesmo. O desodorizante é usado essencialmente para evitar o cheiro que as axilas libertam.
Mas temos de ter em conta que existem dois produtos que conseguem suprimir ou alterar estes odores: os antitranspirantes e os desodorizantes. Muitas vezes, chama-se desodorizante ao que é, na realidade, um antitranspirante. Apesar de estes dois produtos de higiene terem como objetivo impedir a produção de odores nas axilas, funcionam de maneira diferente.
Enquanto os desodorizantes bloqueiam estes odores com substâncias perfumadas, os antitranspirantes bloqueiam os canais das glândulas sudoríparas. Dessa forma, as bactérias deixam de ter a matéria-prima para produzir as moléculas que originam estes maus odores.
Tem-se falado, nos últimos tempos, sobre os compostos a serem utilizados nestes produtos, como os parabenos e sais de alumínio. Estes dois ingredientes foram alvo de estudos para identificar as possíveis ligações com o cancro da mama. Tendo em conta que os parabenos, como metilparabeno, etilparabeno e propilparabeno, podem ser encontrados em produtos de higiene pessoal, tendo como função o impedimento da produção de bactérias, estes têm propriedades semelhantes ao estrogénio, que é uma das hormonas femininas. O estrogénio causa o crescimento e a divisão das células das glândulas mamárias. Mesmo podendo afirmar que não existe nenhuma ligação entre a presença de parabenos e o desenvolvimento do cancro da mama, a maioria dos desodorizantes e dos antitranspirantes deixou de usar parabenos. Os sais de alumínio englobam várias moléculas, como o cloreto de alumínio e o clorohidrato de alumínio, entre outros, que são os compostos cativos dos antitranspirantes. Estes compostos alteram a fisiologia do corpo, ao impedir que a transpiração se liberte das axilas por terem a ação de bloquearem os canais que libertam o suor, o que pode causar algumas genéticas das células adjacentes.
Apesar destas alterações, até hoje não existiam estudos científicos conclusivos que provem que tanto os desodorizantes como os antitranspirantes provocam cancro da mama, ao contrário, por exemplo, da predisposição genética e do uso de contracetivos orais. No entanto, alguns estudos apontam para que, designadamente nas mulheres que fazem depilação das axilas e em que a absorção destes químicos é maior, a deteção de cancro da mama foi mais precoce. Mais recentemente, duas publicações de estudos animais confirmam o efeito tóxico dos sais de alumínio presentes nos desodorizantes e o seu potencial carcinogénico nas células mamárias.
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