Um estudo publicado esta semana mostrou resultados positivos para os amantes de ovos: de acordo com a investigação, comer até um ovo por dia pode ajudar a diminuir o risco de desenvolver doenças cardiovasculares, sugerindo que o consumo deste alimento de forma moderada pode aumentar a produção de metabólitos no sangue benéficos para o coração.
Os especialistas em nutrição concordam, no geral, que as proteínas e vitaminas dos ovos fazem deles uma opção saudável. De acordo com a Associação Portuguesa de Nutrição (APN), um ovo de 53 gramas tem cerca de 6 gramas de proteína e apenas 74 quilocalorias. Além disso, os ovos são ricos em biotina (que ajuda a converter alimentos em energia utilizável, em colina (micronutriente essencial, envolvido no metabolismo, por exemplo) em vitamina A (importante para o sistema imunológico), e em luteína e zeaxantina, por exemplo, antioxidantes que ajudam a proteger o organismo dos radicais livres.
Também um estudo de 2018 que envolveu cerca de meio milhão de pessoas, na China, publicado na revista Heart, já tinha concluído que as pessoas que comiam aproximadamente um ovo por dia tinham um risco substancialmente menor de virem a ter uma doença cardíaca ou um derrame relativamente a quem consumia ovos com menos frequência.
Contudo, “poucos estudos analisaram o papel que o metabolismo do colesterol desempenha na associação entre o consumo de ovos e o risco de doenças cardiovasculares, por isso queríamos ajudar a preencher essa lacuna “, afirma Lang Pan, investigador na Universidade de Pequim, na China, citado pelo Science Daily.
A equipa selecionou quase 4800 pessoas do China Kadoorie Biobank, sendo que cerca de 3400 tinham doenças cardiovasculares e quase 1377 não apresentava qualquer problema deste género. A partir de ressonâncias magnéticas nucleares, os investigadores analisaram mais de 200 metabólitos em amostras de plasma retiradas do sangue dos participantes, sendo que, desses metabólitos, identificaram 24 que estavam associados aos níveis relatados do consumo de ovos.
Depois de analisarem os resultados, a equipa percebeu que os voluntários que ingeriam uma quantidade moderada de ovos tinham níveis mais altos no sangue da proteína apolipoproteína A1, o principal componente proteico da lipoproteína de alta densidade (HDL), também conhecida por colesterol bom, no plasma. Esses voluntários tinham, precisamente, mais moléculas grandes de HDL no sangue, que transporta colesterol dos tecidos do corpo humano ao fígado, o que faz com que haja uma diminuição na quantidade de colesterol no sangue ou presente nas células e por isso, um menor risco de surgimento de doenças cardiovasculares, por exemplo.
A equipa detetou ainda que os participantes que comiam menos ovos apresentavam níveis mais baixos de metabólitos benéficos e níveis mais altos de metabólitos prejudiciais no sangue, comparativamente aos que ingeriam ovos com mais regularidade, identificando 14 metabólitos ligados a doenças cardíacas.
De acordo com os autores do estudo, publicado na revista científica eLife, apesar de os resultados fornecerem uma “explicação potencial de como ingerir uma quantidade moderada de ovos pode ajudar a proteger contra doenças cardíacas”, serão necessários mais estudos para perceber, de facto, o papel dos metabólitos na associação entre o consumo de ovos e o risco de doença cardiovascular”.