1. Analgésicos
Paracetamol
Esta classe de medicamentos é utilizada para aliviar cefaleias tipo tensão, enxaqueca e cefaleia em salvas. “É o tratamento com mais evidência científica para o tratamento de uma doença, recomendado para ser usado em primeiro lugar”, refere a neurologista Andreia Costa, da consulta de cefaleias do Hospital de São João, no Porto.
Anti-inflamatórios
Eficazes no alívio da dor da cefaleia tipo tensão e da enxaqueca, evidencia a neurologista Andreia Costa. São exemplo o ácido acetilsalicílico (aspirina), o ibuprofeno, o diclofenac, e o naproxeno ou nimesulida. Estes medicamentos têm, contudo, alerta a neurologista do Hospital de São João, “efeitos gastrointestinais, cardíacos e renais”.
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2. Triptanos
Esta classe alivia, no imediato, a dor da enxaqueca e da cefaleia em salvas, quando o doente já não responde ao paracetamol nem aos anti-inflamatórios não esteroides, e quando tem contraindicações para a toma de um anti–inflamatório, como, por exemplo, uma doença inflamatória intestinal, explica a neurologista Andreia Costa. “Os triptanos são mais eficazes e vão atuar diretamente no mecanismo que causa a dor na enxaqueca, ou seja, em recetores específicos da serotonina”, corrobora Isabel Luzeiro, presidente da Sociedade Portuguesa de Neurologia. A neurologista Isabel Pavão Martins, do Hospital de Santa Maria, acrescenta que “os triptanos bloqueiam a SGRP que é uma molécula que está relacionada com a dor nestes casos da cefaleia em salvas e também com a enxaqueca”.
Tipos de triptanos:
- Comprimido
O doente toma na fase aguda da enxaqueca. Um destes medicamentos é o Zomig, que está indicado para o tratamento da enxaqueca com ou sem aura.
- Caneta
O doente injeta na barriga, no braço ou nas coxas.É mais rápido a aliviar a dor do que o comprimido. Chama-se Imigran. É logo eficaz, por exemplo, no caso dos doentes com cefaleia em salvas que “ficam enlouquecidos de dor, por ser muito violenta”, sublinha a nerologista Isabel Pavão Martins.
- Spray nasal
Aplicado diretamente no nariz para controlar a dor. Pode ser uma boa opção para as pessoas que têm muitos vómitos no início da dor e que, se tomarem os triptanos em forma de comprimidos, podem vomitá-los.
3. Aparelho cerebral
Este dispositivo é usado para aliviar as dores da enxaqueca. Através deste aparelho que tem um elétrodo, é feita uma neuroestimulação num nervo, chamado trigémeo. Põe-se o pequeno elétrodo adesivo na zona da testa que se encontra entre as sobrancelhas. Depois coloca-se por cima o dispositivo (Cefaly) que se encaixa sobre o pino do elétrodo. Clica-se depois num botão e inicia-se a neuroestimulação que pode ser de diferentes tipos para tratar a crise, para a prevenir ou para combater o stresse. “Estimula os nervos supraorbitários na zona da testa, aliviando a dor aguda, mas também pode funcionar como tratamento preventivo”, explica a neurologista do Hospital de São João. Está à venda em Portugal, mas não é comparticipado.
4. Injeção
É um anestésico local (lidocaína) que é injetado nos nervos específicos na parte de trás da cabeça, descreve a neurologista Andreia Costa. “É eficaz no alívio agudo da dor de cabeça”, nomeadamente na enxaqueca e na cefaleia tipo tensão. Mas também pode ser usado como preventivo.
5. Anticorpos monoclonais
Segundo a neurologista Isabel Pavão Martins, do Hospital de Santa Maria, “estes injetáveis bloqueiam a molécula CGRP que é produzida pelos neurónios e se liberta no organismo durante a crise da enxaqueca”. Existem dois anticorpos monoclonais anti-CGRP, chamados erenumab e galcanezumab, que são injetados uma vez por mês, por um médico ou enfermeiro no hospital ou pelo próprio doente em casa com uma caneta autoinjetora, descreve a médica. Existe ainda um terceiro medicamento desta classe, que é o fremanezumab, que, ao contrário dos outros dois, é administrado trimestralmente com três injeções de uma só vez. Segundo a neurologista Andreia Costa, do Hospital de São João, “no caso das enxaquecas, os anticorpos monoclonais só podem ser prescritos a adultos com pelo menos quatro dias de dores por mês e que tenham experimentado, pelo menos, três terapêuticas preventivas sem resultados positivos.”
6. Botox
A injeção da toxina botulínica é um tratamento preventivo para evitar que surjam os episódios da dor da nevralgia do trigémeo, da cefaleia em salvas e da enxaqueca crónica, sendo administrada trimestralmente, segundo Isabel Luzeiro. No caso da enxaqueca crónica, avisa a neurologista Isabel Pavão Martins, do Hospital de Santa Maria, o botox é aplicado quando o doente tem dor de cabeça durante mais de metade do mês. “A injeção da toxina botulínica resulta em melhoras ao nível da frequência, duração e intensidade das enxaquecas, porque vai modular as vias responsáveis pela dor e, por consequência, aliviar a dor. Os doentes relatam ter menos crises”, corrobora a neurologista Andreia Costa. “No caso da enxaqueca, a toxina botulínica é injetada em 31 pontos definidos no couro cabeludo enquanto na nevralgia do trigémeo é injetada em determinados pontos identificados na parte debaixo da cara, na zona do trigémeo”, descreve Isabel Pavão Martins. “É um procedimento rápido, não exige internamento, demora cerca de sete minutos e são picadas superficiais que as pessoas toleram bem”, resume a médica do Hospital de Santa Maria.
7. Cirurgia
Os doentes com nevralgia do trigémeo vão ao bloco operatório, quando os outros tratamentos já não são eficazes. “Esta dor resulta de uma estimulação do nervo trigémeo que é o mesmo nervo que os dentistas anestesiam quando fazem um tratamento”, nota Isabel Pavão Martins. Há dois tipos de cirurgia, sendo “uma mais definitiva em que o doente vai ao bloco operatório e o cirurgião abre a cabeça para afastar a artéria do nervo, que se chama descompressão microvascular, ou seja vai descomprimir”, descreve a neurologista do Hospital de Santa Maria. Esta cirurgia é usada, resume, “quando a nevralgia do trigémeo resulta de um contacto vascular, uma artéria que está a bater no nervo e, por norma, é uma cirurgia muito eficaz”. Mas há, contudo, situações em que se recomenda outro tipo de cirurgia quando, por exemplo, o doente é uma pessoa de idade mais avançada que tem muitos problemas de saúde e o risco é grande. Nesse caso, elucida, “faz-se uma destruição do nervo que não implica ir para o bloco operatório e abrir a cabeça, e que também pode ser eficaz”.
8. Antidepressivos
Os antidepressivos atuam ao nível do sistema nervoso central. Podem ser usados como tratamento preventivo nas enxaquecas e nas cefaleias tipo tensão quando ocorrem episódios frequentes. Um destes medicamentos é a amitriptilina, em forma de comprimidos, “que tem um efeito mais relaxante, porque, por exemplo, a cefaleia tipo tensão tem uma componente de contração e tensão muscular que provoca a dor. Por isso, explica a neurologista Isabel Pavão Martins, “os antidepressivos em dose baixa podem ser eficazes”.
9. Antiepilépticos
Esta classe de medicamentos é o tratamento de eleição para a nevralgia do trigémeo. Mas também ajudam a controlar a dor da cefaleia em salvas e da enxaqueca. No caso da nevralgia do trigémeo, nota a neurologista Isabel Pavão Martins, “os antiepiléticos vão tornar o nervo, que é muito sensível à dor, menos excitável e vai passar a responder menos, não desencadeando tantas dores”.
10. Anti-hipertensores
Ajudan a aliviar a dor da enxaqueca, apesar de se desconhecer o mecanismo onde atuam, segundo a neurologista Andreia Costa. São betabloqueadores, ou seja, vão bloquear os receptores ß (beta) da noradrenalina.