O ensaio clínico do anticorpo monoclonal Dostarlimab envolveu 12 pacientes americanos diagnosticados com cancro retal e todos entraram em remissão depois de seis meses de tratamento. Ressonâncias magnéticas, TACs, endoscopias, biópsias – nenhum dos exames conseguiu encontrar sinais dos tumores.
Esta foi a primeira vez que o medicamento, usado já no tratamento do cancro do endométrio, foi avaliado neste tipo de tumores e os primeiros resultados são muito promissores, com os investigadores responsáveis a destacarem o desaparecimento do cancro na totalidade dos doentes envolvidos.
“Acho que esta é a primeira vez que isto aconteceu na história do cancro”, congratula-se o oncologista Luis Diaz Jr., ao The New York Times.
Além do número reduzido de participantes no ensaio clínico – que continua – importa realçar que todos tinham tumores com uma mutação genética, designada deficiência no mecanismo de reparação de emparelhamento do DNA, que na sigla inglesa resulta em MMRd, encontrada em apenas 5 a 10% do total de pessoas com cancro retal e que leva a que os tumores não respondam tão bem aos tratamentos convencionais de quimio e radioterapia.
A mesma mutação torna as células do cancro mais vulneráveis à resposta imuntária, sobretudo se provocada por imunoterapia, como é o caso do Dostarlimab.
O tratamento comum para o cancro retal envolve quimio e radioterapia antes da remoção cirúrgica do tumor, o que, graças à sua localização, normalmente implica uma dificuldade acrescida, como nota a oncologista Andrea Cercek, principal autora do novo estudo, publicado no The New England Journal of Medicine. Estes pacientes “podem sofrer disfunção do intestino, incontinência, disfunção sexual”, entre outros efeitos, sublinha a especialista.
Para já, os efeitos secundários deste tratamento agora avaliado são considerados “moderados” e incluem vermelhidão, prurido, fadiga e náuseas, que afetaram cerca de três quartos dos pacientes. Um ano, em média, ou no máximo dois anos depois, o cancro ainda não voltou.