Um novo estudo realizado por investigadores do Reino Unido e Países Baixos, que pretendia perceber se há benefícios em termos de função cerebral em consumir arandos diariamente, em pessoas dos 50 aos 80 anos, deu conta de que este fruto tem, de facto, um papel protetor no que diz respeito ao cérebro e à prevenção da demência. A equipa de investigadores também queria testar o impacto do consumo deste fruto no colesterol.
Todos os dias durante 12 semanas, 60 voluntários cognitivamente saudáveis ingeriram arandos, sendo que metade deles consumiu pó de arando liofilizado, equivalente a 100 gramas de arandos frescos, e a outra metade dos voluntários consumiu um placebo. Os bons resultados apareceram: de acordo com os investigadores, verificou-se uma melhoria significativa no que diz respeito à memória episódica visual (que permite armazenar experiências e evocar eventos relacionados com o passado) e uma melhoria na “circulação de nutrientes essenciais, como oxigénio e glicose, para partes importantes do cérebro relacionadas com a cognição, especificamente consolidação e recuperação da memória”, explica David Vauzour, da Norwich Medical School em Norwich, Inglaterra, e quem liderou a investigação, citada pelo Science Daily.
Além disso, a equipa detetou que o grupo de participantes que tinha consumido o arando apresentou uma redução significativa nos níveis de LDL, o chamado mau colesterol, que, em excesso, pode acumular-se nos vasos sanguíneos e favorecer a formação de placas de gordura, restringindo a passagem de sangue e aumentando o risco de infarte e acidente vascular cerebral (AVC).
De acordo com Vazour, este estudo traz descobertas muito “encorajadoras”, já que, em apenas 12 semanas, o consumo de arando foi capaz de “produzir melhorias significativas na memória e função neural”, o que pode ser uma base importante para novas investigações que tentem perceber os efeitos deste fruto a longo prazo no cérebro e na prevenção de demência.
De acordo com os resultados de um estudo publicado em janeiro na publicação científica Lancet Public Health, o número de pessoas que sofrem de demência está a aumentar, e estima-se que chegue aos 153 milhões em 2050, quase o triplo do número de 2019, 57 milhões.
“Estudos anteriores mostraram que a maior ingestão de flavonoides na dieta está associada a taxas mais lentas de declínio cognitivo e demência. E alimentos ricos em antocianinas e proantocianidinas, que dão às bagas a cor vermelha, azul ou roxa, melhoram a cognição”, esclarece Vauzour. Flavonoides são compostos bioativos com propriedades antioxidantes, antivirais, antibacterianas e anti-inflamatórias que podem ser encontradas em grandes quantidades em alguns alimentos, sendo que as antocianinas e as proantocianidinas são tipos de flavonoides. Os arandos, ricos nesses compostos, são “reconhecidos pelas suas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias”, diz ainda o investigador.
Os vários benefícios deste fruto não foram objeto de investigação apenas agora: um estudo desenvolvido por uma equipa de investigadores de várias universidades e publicado em março, por exemplo, já tinha concluído que consumir diariamente 100 gramas de arando é benéfico para a saúde cardiovascular, melhorando a função dos vasos sanguíneos.