Os novos casos de meningite B entre estudantes na Inglaterra, com particular destaque para os alunos universitários, têm aumentado consideravelmente, ultrapassando os números pré-pandemia. Este é o resultado de um novo relatório de 11 páginas da Agência de Segurança de Saúde do Reino Unido (UKHSA) que ainda não foi publicado, ao qual o The Guardian teve acesso.
“Entre setembro e novembro de 2021, os casos de DMI [Doença Invasiva Meningocócica] aumentaram com a doença do grupo B em adolescentes/jovens adultos, aumentando acentuadamente e excedendo os níveis pré-pandémicos”, diz o documento.
De facto, de acordo com os especialistas que realizaram o estudo, as restrições adotadas durante as vagas da pandemia de Covid-19 numa tentativa de a tentar contar também fizeram com que outras infecciosas fossem negligenciadas. O resultado: as taxas de meningite, que registavam um mínimo histórico até setembro do ano passado, aumentaram consideravelmente, e os números aumentaram “particularmente em estudantes universitários”.
Durante o período analisado, 41,5% dos casos de meningite foram verificados entre jovens entre os 15 e os 19 anos. Já em 2019, no mesmo período e na mesma faixa etária, a percentagem de casos foi de 14,3% e em 2018 foi de 11,8%. Relativamente aos casos de DMI confirmados este ano, neste intervalo de tempo, em pessoas dos 15 aos 19 anos, mas também dos 20 aos 24 anos, a maioria teve meningite B, sendo que 84,6% eram estudantes matriculados numa universidade.
Ao The Guardian, Linda Glennie, diretora da Meningitis Research refere que, embora estes números “possam parecer pequenos, a meningite pode ter implicações que mudam a vida de quem a contrai” e, por isso, devemos estar atentos a qualquer evidência de um aumento muito grande de novos casos.
A meningite B carateriza-se pela inflamação das meninges, membranas que envolvem todo o sistema nervoso, sendo provocada pelo meningococo B (MenB), um dos principais agentes da meningite bacteriana. A transmissão da meningite acontece por contato direto, de pessoa para pessoa, através de gotículas das secreções respiratórias do nariz ou da boca de pessoas infetadas.
Este tipo de meningite é considerado um dos mais mortais, sendo que os seus sintomas podem ser confundidos com os de gripe – febre alta, calafrios e dores de cabeça. A meningite também pode provocar alterações do estado mental, enjoos, vómitos, perda de apetite e dor ao virar o pescoço. Normalmente a doença é facilmente curada, mas podem surgir, em casos mais complicados, alterações cerebrais, surdez, paralisia motora, epilepsia e dificuldade de aprendizagem.
O relatório refere ainda que este aumento de casos de meningite B em estudantes que regressam agora às universidades pode também ser resultado de “um nível mais baixo de imunidade” natural, mas que será “necessário um estudo sorológico dessa população para quantificar quaisquer alterações na imunidade ao longo da pandemia de Covid-19”.