Apesar de na última quinta-feira, 6, ainda terem sido registados quase 24 mil novos casos, com a média a sete dias perto dos 20 mil novos casos, e 11 mortes, os especialistas de saúde dinamarqueses preveem que a variante Ómicron ajudará a sair da situação de pandemia, declarada quase há dois anos.
O pico da infeção é aguardado entre o final de janeiro e o início de fevereiro, a partir daí, segundo Tyra Grove Krause, epidemiologista chefe do Statens Serum Institut, um campus do governo dinamarquês dedicado às ciências, seguir-se-á uma redução das infeções por SARS-CoV-2. Numa nova avaliação de risco do Statens Serum Institut, são esperadas até 25 mil a 55 mil infeções por dia no final de janeiro. Enquanto nos hospitais, preparam-se para receber 150 a 360 novas admissões por dia, no início de fevereiro.
Mas, nos próximos dois meses é esperado mesmo um regresso à vida dita normal, a que tínhamos em 2019. “Acredito que a teremos [à variante Ómicron] nos próximos dois meses, e depois espero que a infeção comece a diminuir”, disse Tyra Grove Krause na televisão, na estação pública Danish TV2. Na entrevista também foi destacado como as autoridades dinamarquesas esperam que a ameaça da Covid-19 termine antes de março, e que as consultas médicas por Ómicron comecem a diminuir com o passar das semanas.
Para a epidemiologista, a Ómicron poderá tornar-se na “variante que nos ajudará a sair da pandemia”, pois existe metade do risco de hospitalização em caso de infeção com a estirpe descoberta em outubro na África do Sul, ao contrário do que acontece com a variante Delta. “Em fevereiro, veremos uma diminuição na pressão de infeções e sobre o sistema de saúde”, prevê a médica do Statens Serum Institut.
No início desta semana, a instituição divulgou um novo estudo sobre a Ómicron, confirmando que há maior transmissão entre os não vacinados e redução da transmissão para aqueles que já receberam a terceira dose ou dose de reforço.
Opinião corroborada pelo virologista Pedro Simas, em entrevista à SIC, onde esta semana referiu que apesar de a Ómicron ser mais contagiosa, por ser mais virulenta, vai substituir e eliminar a Delta. Aliás, disse também que o país mais comparável com Portugal é, precisamente, a Dinamarca, pois teve um grande pico de infeções, que em Portugal equivaleria às 30 mil novas infeções por dia, durante vários dias, e agora está a inverter. O mesmo se passa com a África do Sul, onde existe muita imunidade natural e a transmissão está em fase descente.
Na Dinamarca, cerca de 80% da população está vacinada com as duas doses e cerca de metade (48,5%) já foi inoculada com a dose de reforço. Portugal encontra-se numa situação ainda mais favorável com 89% das pessoas com a vacinação completa, e mais de três milhões de doses de reforço dadas, incluindo em 83% dos maiores de 65 anos.
Com a Ómicron dominante numa série de países, incluindo em Portugal com 90% de prevalência, Tyra Grove Krause não tem dúvidas de que esta variante “veio para ficar e isso proporcionará uma disseminação maciça da infeção no próximo mês”. No entanto, a especialista avisa ainda que “teremos de fazer um esforço em janeiro, porque será difícil passá-lo”.
Apostar na vacinação e na imunidade natural poderá ser uma boa estratégia: “Acho que a Ómicron se vai espalhar globalmente e todos obteremos alguma imunidade, tanto por via das nossas vacinas, como alguma imunidade extra por sermos infetados com a Ómicron”, acrescentou Tyra Grove Krause.
Por enquanto, as restrições na Dinamarca continuam e passam por ter fechados espaços culturais, como teatros, cinemas e museus; é obrigatório o uso de máscara em espaços públicos fechados, como lojas, por exemplo, mas também nos transportes públicos; é necessária a apresentação do certificado de vacinação digital para entrar em bares, restaurantes e cafés. Em tudo semelhante ao que se passa em Portugal.