Um novo estudo, realizado por investigadores norte-americanos da Universidade de Utah, em Salt Lake City, do campus médico da Universidade do Colorado, em Aurora, e por outras instituições, concluiu que o exercício físico moderado não aumenta nem diminui o apetite depois do treino.
A investigação teve em conta a análise de 24 homens e mulheres sedentários, com excesso de peso ou obesidade e inativos, no geral, o que não aconteceu com a maioria dos estudos relacionados com este tema realizados até então, que se baseavam em jovens saudáveis, ativos e em forma.
Depois da realização de treinos moderados, os voluntários foram expostos a um almoço de buffet e a equipa deu conta de que, de facto, as pessoas não comeram mais do que o habitual. Contudo, explicam os investigadores, os voluntários também não saltaram a sobremesa ou diminuíram a quantidade de porções ingeridas.
Algumas pesquisas anteriores sugerem que o organismo tenta manter os depósitos de gordura corporal, uma forma de adaptação evolutiva que protege contra fomes futuras. Por isso mesmo, de forma incosnciente, os corpos compensam muitas das calorias queimadas com a prática de exercício físico, reduzindo as possibilidades de se perder peso com esse exercício, apesar de essa compensação calórica poder ser lenta.
Também há estudos que referem que, caso o exercício seja prolongado e cansativo, tem o efeito de diminuir o apetite até por horas e outros que sugerem que algumas pessoas sentem mais fome depois de realizarem exercício físico e que, imediatamente a seguir, compensam as calorias que gastaram, comendo mais até do que o habitual. Ou seja, ainda não há consenso sobre o verdadeiro impacto do exercício físico no apetite.
Exercício moderado não influencia o apetite
Neste estudo, publicado no mês passado no Medicine & Science in Sports & Exercise, os voluntários tiveram tarefas diferentes: em dias distintos, os investigadores pediram-lhes que se sentassem em silêncio, caminhassem rapidamente numa passadeira ou levantassem pesos durante 45 minutos.
Além disso, a equipa recolheu amostras de sangue dos voluntários antes, durante e três horas após o treino, com o objetivo de registar as mudanças nas hormonas relacionadas com o apetite, realizando também um questionário a todos os voluntários sobre a sensação de fome ou não. O buffet oferecido aos participantes – que incluía lasanha, salada, refrigerantes e bolo com morangos – também foi observado pela equipa, que registou, sem o conhecimento dos voluntários, a quantidade de comida consumida.
Analisando os resultados, os investigadores deram conta de que as hormonas dos voluntários alteravam após cada treino de uma forma que, tendencialmente, podia reduzir o seu apetite. Contudo, explica a equipa, os participantes relataram não sentir mais ou menos fome depois do exercício físico, em comparação com os dias em que lhes foi pedido que se sentassem em silêncio. Relativamente ao almoço, os participantes ingeriram quase a mesma quantidade, cerca de 950 calorias, independentemente de terem feito exercício ou não. Ou seja, apesar de o nível de hormonas ligadas ao apetite ter diminuído depois dos treinos, essa diminuição não teve efeito na quantidade de comida ingerida pelos voluntários.
Cada treino realizado pelos voluntários queimou cerca de 300 calorias, ou seja, bastante menos do que o número de calorias consumiram, em média, no almoço, mas centenas a mais do que quando se sentaram. Os investigadores acreditam que, com o tempo, essa diferença pode ajudar no controlo de peso.
É preciso ter em conta que esta investigação analisou apenas pouco mais de duas dezenas de participantes, sedentários e com excesso de peso, além de ter sido realizada apenas uma sessão de exercícios moderados e breves, o que significa que quem treina regularmente e de forma mais intensa pode reagir de forma diferente.