Segundo os dados revelados pelo Infarmed, entre os 12 e os 17 anos, registaram-se 65 situações suspeitas de resultarem de reações adversas provocadas pelas vacinas contra a Covid-19.
Tendo em conta que foram administradas 540 mil doses nesta faixa etária, o número de casos de efeitos secundários foi de 1 por cada 10 mil imunizados, o equivalente a 0,01 por cento.
Este valor consegue ser inferior ao registado nos adultos, entre os 18 e os 79 anos, que notificaram 1 caso por cada mil doses inoculadas.
Das 65 situações verificadas entre os mais novos, 45 foram consideradas graves, sinónimo de algum tipo de intervenção médica.
A miorcardite (inflamação do músculo do coração), uma das complicações que mais preocupa os médicos, afetou quatro pessoas, enquanto a pericardite (inflamação da membrana que envolve o coração) atingiu um jovem, assim como a síndrome inflamatória multissistémica (reação exacerbada do sistema imunitário).
Tendo em conta que foram administradas 540 mil doses entre os 12 e os 17 anos, o número de casos de efeitos secundários foi de 1 por cada 10 mil imunizados
Na faixa etária entre os 18 e os 24 anos, que recebeu 700 mil doses, reportaram-se 708 casos suspeitos, destes, 304 foram classificados como graves.
“São dados bastante positivos e tranquilizadores quando comparado com aquilo que estávamos à espera”, afirmou o epidemiologista Manuel Carmo Gomes, membro da Comissão Técnica de Vacinação da Direção-Geral da Saúde, ao Jornal de Notícias.
A Pfizer/BioNTech prepara-se para pedir autorização à Agência Europeia do Medicamento (EMA) para vacinar entre os 5 e os 11 anos. Nos EUA, pode ser dada luz verde à imunização nesta faixa etária já no início de outubro.
No ensaio clínico realizado pela Pfizer/BioNTech, que incluiu cerca de 2 300 crianças, foram administradas duas doses, com 10 microgramas cada, ou seja, um terço da quantidade inoculada nos maiores de 11 anos. Além de ter verificado uma resposta imunitária robusta nos mais novos, a farmacêutica também garante que o padrão de segurança é semelhante ao dos adultos.
Em Portugal, as autoridades de saúde aguardam por mais evidência científica que permita avaliar a possibilidade de alargar a vacinação abaixo dos 12 anos.
A Pfizer/BioNTech já anunciou que espera ter dados sobre a eficácia da vacina entre os 2 e os 5 anos e, também, entre os 6 meses e os 2 anos no último trimestre deste ano.
Até ao final de agosto, foram notificadas mais de 14 mil suspeitas de reações adversas às vacinas contra a Covid-19 em Portugal. E ocorreram 82 mortes, em pessoas com uma média de 77 anos, mas não está demonstrada a relação causa-efeito entre a vacina e os óbitos.